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Vale prevê negociação longa e preço maior para minério de ferro

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

O alto preço do minério de ferro no mercado "spot" (à vista) na China, o dobro dos praticados em contratos de longo prazo, é uma sinalização da necessidade de ajuste no valor da commodity em 2008, afirmou o presidente da Vale, Roger Agnelli. Prevendo uma longa negociação até o preço final, Agnelli afirmou que não apenas a China está com forte demanda, mas o continente asiático como um todo, "a Malásia e a Coréia estão crescendo muito", destacou, e por outro lado a oferta ainda é restrita. "A distorção da diferença de preço tem que ser corrigida em relação ao spot, o mercado é comprador", afirmou Agnelli a jornalistas após almoço de final de ano. Presente no evento, o diretor de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, informou que as negociações foram iniciadas pelo Japão e agora vão ser levadas para a China e depois Europa. Sem querer prever um índice, Martins concordou com Agnelli que um dos principais argumentos para a elevação de preços é a disparada do mercado "spot". "É uma referência da situação de mercado, no processo de negociação o primeiro ponto é a negociação do mercado", explicou. Martins disse que com o aumento da demanda da China o mercado "spot" ganhou proporções maiores do que no passado, e atualmente negocia cerca de 300 milhões de toneladas, o mesmo volume que é produzido pela mineradora brasileira. Antes não chegava a 100 milhões de toneladas. "Antes era irrelevante, uma pequena distorção do mercado chinês agora é indicativo e relevante, e serve para atrair minério para China", definiu. Ele também espera uma negociação mais demorada do que a deste ano, quando o ajuste de minério foi decidido pela primeira vez com a China em dezembro de 2006, uma alta de 9,5 por cento. Em 2006, após longas negociações, o minério foi ajustado em 19 por cento --com o primeiro acordo fechado com a alemã ThyssenKrupp -- e em 2005 houve uma elevação recorde de 71,5 por cento, acertada com siderúrgicas japonesas. Martins evitou especular se o ajuste de 2008 poderia chegar perto do ajuste recorde de 2005, mas afirmou que os clientes "têm demonstrado capacidade de entender a situação de mercado". Entre analistas, as apostas de aumento para o preço do minério no ano que vem variam entre 25 e 50 por cento. Ele descartou também mudança na maneira de negociar os preços, como teria sido sugerido pela rival BHP, que segundo Martins propõe um preço misto, formado por um valor fixo e outro variável. "Não achamos simplesmente que seja o momento adequado para mudar a forma que vínhamos negociando, o grande objetivo de estabelecer um "benchmark" é manter a estabilidade", disse, ressaltando que a Vale sempre chega a um acordo com os seus clientes e por isso não vê necessidade de alterar as regras do jogo.

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