30 de outubro de 2014 | 09h08
Por mais um trimestre o preço mais baixo do minério de ferro afetou em cheio o resultado da Vale. A mineradora brasileira reportou um prejuízo líquido de R$ 3,38 bilhões no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro de R$ 7,95 bilhões no mesmo período do ano passado. O resultado, segundo a Vale, refletiu o impacto das variações cambiais e perdas monetárias em dívidas e derivativos devido à depreciação (queda) do real em relação ao dólar.
No trimestre, as produtoras de minério viram o preço do insumo despencar no mercado à vista chinês em relação ao início do ano, atingindo as mínimas em cinco anos, afetando, dessa forma, a rentabilidade dessas empresas.
O recuo do preço do seu produto carro-chefe acabou ofuscando a entrega de aumento de produção da companhia no período. A produção de minério de ferro da Vale alcançou 85,731 milhões de toneladas no terceiro trimestre, volume 3,1% acima do registrado no mesmo período do ano passado e superior em 7,9% ao registrado no segundo trimestre, de acordo com relatório de produção divulgado pela companhia na semana passada. No mesmo documento, a mineradora destacou que, apesar do aumento da produção, os embarques do produto foram reduzidos em 3,6 milhões de toneladas, principalmente devido à interdição da Estrada de Ferro Carajás (EFC), no final de setembro.
Preço do minério. O preço praticado do minério de ferro no terceiro trimestre do ano foi de US$ 68,02 a tonelada, queda de 38% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior e conforme o esperado por analistas. Ante o trimestre anterior o valor recuou 19,6%. Já o preço médio no mercado à vista no trimestre, considerando o insumo com teor de 62%, foi de US$ 90,21 a tonelada, queda de 32% na relação anual. Diante da queda do preço, a Vale informou que a receita operacional bruta do minério de ferro (fino) chegou a US$ 4,287 bilhões no intervalo de julho a setembro, recuo de 44% em relação a igual período do ano passado.
"A produção de minério de ferro continuou forte, impulsionada sobretudo pela expansão das principais mineradoras. Ao mesmo tempo, a demanda proveniente das siderúrgicas na China - maior consumidor mundial de minério de ferro - cresceu apenas moderadamente. Estes efeitos combinados têm pressionado o preço do minério de ferro", informou a companhia no documento que acompanha o seu demonstrativo financeiro.
As importações de minério de ferro pela gigante asiática continuaram expressivas, com o volume até setembro deste ano somando 699 milhões de toneladas, aumento de 16% em relação a igual período do ano anterior. "Este aumento das importações beneficiou os players tradicionais (Austrália, Brasil e África do Sul) num momento em que suas produções se expandiram, mas não foi suficiente para diminuir estoques de produtores de alto custo, que continuam a operar com margens menores e, às vezes, até negativas, esperando uma recuperação dos preços", diz no documento.
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