RIO – A Vale registrou lucro líquido de R$ 6,5 bilhões no terceiro trimestre, alta de 13,7% com relação ao igual período do ano passado. Foi o primeiro ganho trimestral reportado pela mineradora após o rompimento de sua barragem em Brumadinho, Minas Gerais, em 25 de janeiro. O resultado reverte o prejuízo de R$ 384 milhões registrado no segundo trimestre. A melhora se deveu a um menor peso de provisões e despesas relativos ao desastre.
Apesar de destacar o forte desempenho operacional, a Vale acumula um prejuízo líquido de R$ 264 milhões nos nove primeiros meses do ano, como reflexo das provisões e gastos decorrentes da tragédia que deixou 251 mortos e 19 desaparecidos.
A receita líquida da Vale cresceu 7,4% na comparação anual. A mineradora faturou R$ 40,7 bilhões de julho a setembro. O valor superou em 12,9% o do segundo trimestre de 2019. A Vale atribui esse crescimento ao progresso contínuo de retomada de operações nos Sistemas Sul e Sudeste.
Retomada de produção
Com o reinício das atividades da mina de Brucutu e o retorno parcial do processamento a seco no Complexo de Vargem Grande, a Vale produziu 86,7 milhões de toneladas de minério de ferro no terceiro trimestre, segundo relatório divulgado na semana passada. O volume foi 17,4% menor que o produzido no mesmo período de 2018, mas 35,4% superior ao do trimestre de abril a junho. As vendas de minério também cresceram na margem.
Para Tasso Vasconcellos, analista da Eleven Financial Research, os dados do relatório de produção já indicavam o aumento na receita.
"A baixa despesa relacionadas aos eventos Brumadinho, além do compromisso com a segurança, sempre destacado pelo management, reforçam a tese de redução de incertezas. Dessa forma a Vale tem um caminho aberto para resultados fortes recorrentes, com forte geração de caixa, o que abre precedentes até mesmo para a retomada do pagamento de dividendos", disse.
Depesas com desastre
No trimestre encerrado em setembro a Vale não reconheceu provisões adicionais relativas ao desastre. Somadas despesas, a empresa já reservou R$ 24,1 bi para arcar com o episódio. A Vale estima que os desembolsos totais relacionados a Brumadinho variem de um piso de US$ 3,6 bilhões até US$ 5,25 bilhões de 2019 a 2022, para reparação e descaracterização de barragens.
“A descaracterização de nove barragens a montante continua, com a conclusão da primeira barragem prevista para o primeiro trimestre de 2020", comentou o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, no balanço. "Estamos evoluindo com um portfólio de produtos premium ajustado às demandas de mercado", disse no documento.
A multinacional reportou investimentos totais de US$ 891 milhões no terceiro trimestre, sendo US$ 135 milhões em execução de projetos e US$ 756 milhões na manutenção das operações. O grupo reduziu sua estimativa de investimento em 2019, antes em US$ 4,4 bi, para entre US$ 3,6 bilhões e US$ 3,8 bilhões.