‘Vêm aí mais de 30 novos BMW, Mini e Motorrad’, diz presidente da BMW no Brasil

Empresa prepara enxurrada de estreias, fará SUVs inéditos em SC e prevê crescer dois dígitos em 2022

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Tião Oliveira
4 min de leitura

Com apenas 45 anos, Aksel Krieger faz parte da nova safra de líderes que comandam grandes empresas no mundo todo. O brasileiro com nome e nacionalidade dinamarquesa construiu uma carreira de sucesso no Grupo BMW. Trabalhou na Alemanha e na África do Sul e, antes de voltar ao País para ocupar o posto de CEO e presidente, no fim de 2108, estava na China. Sempre bem-humorado, ele conversou cerca de uma hora com o Estadão por meio de chamada de vídeo. Afirmou várias vezes que a BMW acredita no Brasil e agradeceu repetidamente aos clientes, colaboradores e concessionários pelo sucesso da companhia no País.

Como foi o ano de 2021 para a BMW no Brasil?

Leia também

Estamos enfrentando a maior crise sanitária do século, mas a BMW saiu de 2021 mais forte do que entrou. A gente avançou na digitalização e implantou em três, quatro meses, um projeto que normalmente seria feito em cinco anos. Esse foi o avanço número um. O número dois é que aprendemos a trabalhar melhor com a volatilidade. Eu sempre falo do mundo Vuca (acrônimo em inglês para os termos volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade). E o Brasil é um Vuca com esteroide. Tudo acontece ao mesmo tempo no País. Ou seja, teve covid, câmbio disparando, inflação, crise de semicondutores... No Brasil, a gente nunca fica entediado. E, durante as crises, a volatilidade é maior. Isso aconteceu bastante em 2021. Porém, estou muito contente com os resultados da empresa. Temos duas plantas no Brasil, sendo uma em Araquari (SC) e outra em Manaus. Bem como o escritório em São Paulo, com serviços financeiros e área de vendas. O fato é que o time saiu mais bem preparado para enfrentar qualquer tipo de desafio. E, quando eu falo de time, incluo nossos fornecedores, fábricas e também a rede de concessionárias, que fez um trabalho fantástico. Crescemos mais de 15% com as três marcas na comparação com 2020. A BMW cresceu quase 17%. Já a Mini cresceu 9% e a Motorrad, 14%. Esse bom resultado é consequência de um trabalho muito bem feito. Só tenho a agradecer aos nossos clientes, colaboradores e concessionários.

O que o sr. fez para convencer a BMW a fazer mais investimentos no Brasil e quais novidades virão?

O investimento de R$ 500 milhões anunciado em 2021 é para produzirmos o X3 e o X4 (SUVs). Tem uma cereja do bolo, mas não posso dar spoiler. A BMW nunca faz investimentos de olho no curto prazo. Quando a gente abriu a fábrica em Araquari, há quase seis anos, sabia que o resultado não viria rapidamente. A BMW acredita muito no Brasil. Em 2022, vamos crescer acima dos dois dígitos. Vêm aí mais de 30 lançamentos da BMW, Mini e Motorrad no Brasil. O brasileiro ama a BMW e a BMW ama o Brasil. Então, é um “match” perfeito. No Brasil há muitos desafios. Porém, o mercado de carros premium tem muito a crescer em relação ao resto do mundo. Também acreditamos muito na eletrificação no País. Em 2021, houve crescimento robusto na venda de híbridos plug-in e elétricos puros. A BMW tem uma estratégia clara, que visa ao aumento das vendas desse tipo de modelo. E o mercado brasileiro aceita muito bem a nova tecnologia. Estamos há 25 anos no País e aprendemos a navegar aqui.

O sr. mudaria alguma decisão que tomou em 2021?

Daria para ter acelerado o processo de digitalização. E poderíamos ter lançado antes o programa de entrega do carro na casa do cliente. Daria para fazer mais coisas em 2019 e 2020 também. Em 2021, lançamos a M3 dentro do TikTok e fizemos uma parceria com a Farfetch (site de moda) para lançar a X7 (Dark Shadow Edition). São coisas que a gente poderia ter iniciado antes mesmo da crise. Seja como for, vamos ter novidades no futuro.

Continua após a publicidade

'O brasileiro ama a BMW e a BMW ama o Brasil', afirma Krieger. Foto: BMW

Aliás, quais são os planos da BMW para 2022?

Continuaremos crescendo. No fim de 2021, anunciamos a vinda do iX e do i4 (elétricos) ao País. Tudo que há lá fora de eletrificação a gente pretende trazer. Outra coisa que continuaremos fazendo intensamente é ficar muito próximos de nossos clientes, bem como dos concessionários.

Quando os carros eletrificados vão vender mais que os a combustão?

Em 2021, os eletrificados representaram um terço de nossas vendas, incluindo híbridos e elétricos puros. Mas a questão da infraestrutura é muito importante. Na fábrica em Araquari, temos carregamento feito por energia solar e baterias usadas, que eram de trens. Nossa estratégia de futuro está baseada também em reúso e reciclagem. No Brasil, dá para ter energia solar e ficar completamente off grid (autossuficiente na geração). Fomos pioneiros ao criar um corredor com postos de recarga (entre São Paulo e Rio de Janeiro, em 2018). Acabamos de lançar a Série 3 Flex e a X1 Flex, que é uma tecnologia que funciona muito bem. Dizer que no futuro haverá apenas elétricos puros é difícil. Haverá várias soluções, como o hidrogênio, que vem sendo desenvolvido pela BMW. Mas, obviamente, a eletrificação tem um papel muito importante nesse processo.

Como foi o setor de motos em 2021? Há planos de trazer modelos elétricos?

A gente tem motos de várias cilindradas no País. Vai da G310 até modelos 1.250, 1.600. A G310 e a F310 têm aceitação fantástica no Brasil. Assim como a 1.250 GS, que é líder de vendas do segmento. Estamos muito bem. Vendemos quase 12 mil motos em 2022, o que representa um crescimento de 14% em relação a 2020. Estamos desenvolvendo motos elétricas e mantemos todos os produtos no nosso radar. Porém, não há nenhum plano confirmado para o País.

Continua após a publicidade

Que dica o sr. daria ao Aksel que estava em início de carreira há 20 anos?

Uma das principais características de quem está no começo da carreira é a ansiedade. Eu diria: “As coisas vão dar certo, no momento certo. Tenha um pouco de paciência.” Estou com 45 anos e aprendi que a gente cresce mais quando sai da zona de conforto. Porém, também não pode ficar o tempo todo apenas trabalhando sob alta pressão.