PUBLICIDADE

Publicidade

Venezuela e Nigéria frustram exportações de álcool da Petrobras

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

A opção da Venezuela de utilizar um aditivo derivado do petróleo na mistura com a gasolina, em vez do álcool brasileiro, e problemas de infra-estrutura na Nigéria foram apontados pela Petrobras como os principais motivos para as exportações do combustível renovável da empresa não terem atingido as metas neste ano. A empresa contava com a venda este ano de 850 milhões de litros de álcool, principalmente para os mercados da Venezuela e Nigéria, mas deve finalizar 2007 com apenas 100 milhões de litros vendidos, afirmou o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. No ano passado, a estatal exportou 82 milhões de litros. Ele disse que o governo venezuelano optou por misturar o aditivo MTBE, considerado nocivo por ambientalistas, no lugar do etanol brasileiro. Questionado por jornalistas se a posição do presidente Hugo Chávez, que chegou a criticar o programa de álcool do Brasil, teria influenciado a decisão do país, ele não quis entrar em detalhes. "A nossa posição em relação ao etanol é muita técnica, conversamos com a PDVSA (estatal venezuelana de petróleo). Eu sinceramente não posso dizer se tem ou não influência política nisso", afirmou Costa a jornalistas após apresentação do Plano de Negócios da companhia para o setor de abastecimento no período 2008-2012. A Petrobras e a PDVSA também enfrentam problemas na assinatura de um acordo para construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, cuja obra será iniciada no início de setembro com ou sem PDVSA, segundo Costa. Na Nigéria, onde a previsão também era de aumento de vendas de etanol este ano, a falta de logística para receber o produto também vem afetando o fechamento de contratos, disse. QUALIDADE DO COMBUSTÍVEL Segundo Costa, o setor de abastecimento da empresa, com investimentos previstos de 29,6 bilhões de dólares no plano estratégico para o período 2008-2012, deverá destinar a maior parte dos recursos em qualidade dos combustíveis. Ele explicou que isso será necessário porque a partir de 2010 os combustíveis deverão estar mais adequados às regras internacionais relacionadas à emissão de poluentes. Ao todo serão gastos 8,6 bilhões de dólares em programas que já estão em andamento para aumentar a qualidade dos derivados, afirmou. A expansão de produção ficará com a segunda maior fatia, de 5,3 bilhões de dólares, e outros 2,2 bilhões de dólares serão destinados à frota de navios da área, excluindo nesse caso os navios voltados para exportação de álcool, que demandarão mais cerca de 700 milhões de dólares. "Até o final do ano espero ter fechado o novo pacote de encomendas de navios para a Transpetro", disse o executivo. A estatal lançou licitação para compra de 26 navios petroleiros e, até o momento, faltam ser assinados apenas três contratos. Originalmente o pacote completo de encomendas seria de 42 navios, mas Costa prevê que esse número será maior. "Estamos discutindo outros pacotes de navios, de 2012 em diante, além dos 42", afirmou. Costa anunciou ainda que a Petrobras estuda a construção de usinas para produção de coque verde de petróleo (usado como redutor da indústria metalúrgica), que serão instaladas no Paraná (uma usina) e no Rio de Janeiro (duas). Cada planta deverá custar 80 milhões de reais. As unidades devem entrar em operação em dois ou três anos, e têm como sócios Unimetal e Brasil Energy. "Ainda estamos definindo a capacidade de produção de cada unidade, as obras são para o segundo semestre do ano que vem, já que falta concluir o projeto e obter licenças ambientais", disse Costa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.