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Conheça a Viva, aérea colombiana que chega ao Brasil com promessa de voos até 40% mais baratos

Empresa terá inicialmente três voos semanais a partir de Guarulhos e espera transportar 50 mil passageiros no País no primeiro ano de operações

Por Juliana Estigarríbia
Atualização:

A aérea colombiana Viva acaba de desembarcar no Brasil, com proposta de passagens até 40% mais baratas do que a concorrência. Com rotas como Orlando, Cancún e Punta Cana, a companhia quer espalhar a cultura da aviação de baixo custo ("low-cost") no País - em que o passageiro só paga pelo que efetivamente vai usar - para conseguir se consolidar por aqui. Com seus preços reduzidos, a empresa promete efeito nas tarifas do mercado e projeta chegar a voos diários de São Paulo em cerca de um ano. "Quando chegamos a uma nova rota, os preços das passagens do mercado caem em média 35%. Isso é o que chamamos de efeito Viva", afirmou ao Estadão/Broadcast o vice-presidente de operações da companhia, Francisco Lalinde. A Viva foi fundada em 2012 na Colômbia pela Irelandia Aviation, especializada no desenvolvimento de aéreas de baixo custo, como a Ryanair. Em abril, foi anunciada a união da Viva com a Avianca em uma holding, acordo que ainda precisa ser aprovado pelas autoridades regulatórias. Ainda em maio, a brasileira Gol decidiu se unir à Avianca sob a mesma holding, a Abra, o que também aguarda aprovações. Por ora, a Viva segue independente.

Aeronave da Viva; companhia aéreainicia nesta quinta-feirasua operação no Brasil, com saídas do Aeroporto Internacional de São Paulo. Foto: Divulgação/Viva

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  A empresa terá inicialmente três voos semanais a partir do Aeroporto de Guarulhos (SP). No total, a Viva terá capacidade para transportar 188 passageiros por voo partindo do Brasil em aeronaves modelo A320neo. Em 2017, a companhia fez um pedido de 50 aviões para a Airbus, dos quais 23 foram entregues e já estão em operação. O prazo para receber todas as unidades é até 2025. "Isso faz com que a frota da Viva seja a mais moderna da Colômbia, a segunda na América do Sul e a quarta no mundo", afirma o executivo.   Segundo ele, manter apenas um modelo na frota reduz custos, uma vez que os treinamentos para pilotos, comissários e técnicos de manutenção são feitos apenas uma vez. No modelo da Viva, a utilização da aeronave gira em torno de 13 horas por dia, enquanto nas aéreas tradicionais esse uso é de 8 a 9 horas diárias. "Fazemos muito mais voos com o mesmo ativo, isso baixa os custos gerais da companhia."   A passagem SP-Medelín custará a partir de US$ 269 (ida e volta). Já SP-Miami, US$ 449, também ida e volta. Todas as rotas internacionais têm conexão em Medelín (de 50 minutos). No bilhete, está incluída apenas uma pequena bagagem de mão (mochila). "O cliente pode customizar sua viagem, de acordo com seus recursos. Queremos trazer a cultura de que o passageiro só precisa pagar pelo que ele vai consumir de fato", diz Lalinde.   De acordo com Márcio Peppe, sócio do setor de aviação da KPMG, o pulo do gato para obter uma tarifa efetivamente "low-cost" é comprar todos os itens necessários com antecedência, como bagagem e assento diferenciado, por exemplo. Segundo o especialista, na Europa, onde esse mercado é bastante consolidado, adquirir bagagem no balcão de uma low-cost pode custar mais caro do que a própria passagem. "As empresas desse ramo buscam operar com os menores preços, mas quanto antes o passageiro comprar, mais vantagem ele terá."   De acordo com a Viva, comprar itens com antecedência pode ser até 60% mais barato do que no balcão. Apenas itens de alimentação não podem ser negociados antes. "Vamos estudar o comportamento do consumidor brasileiro para talvez oferecer essa opção", diz Lalinde.   No primeiro ano de operação, a aérea espera transportar 50 mil passageiros no País. Uma parcela importante das vendas deve ser direta, mas as agências de viagens também devem ter um papel importante para fomentar a demanda. O plano é crescer até atingir voos diários partindo de São Paulo ao final do primeiro ano.

Ambiente desafiador

A colombiana chega em um dos momentos mais desafiadores da história do setor de aviação, após dois anos duros de pandemia. A inflação assola o País e os custos com dólar e querosene de aviação (QAV) estão tirando o sono das empresas aéreas. Para a Viva, entretanto, a decisão de desembarcar no Brasil foi bem calculada.

 

"Vamos atuar em um mercado com muitos concorrentes, mas nosso diferencial é o modelo de negócio. Como não há low-costs no Brasil, o potencial é enorme", avalia Lalinde.

 

Para o sócio da KPMG, há exemplos de low-costs que deram certo no mundo, mas que ao longo do tempo tiveram que subir os preços. "No Brasil, não temos empresas que são de fato low-cost. Tivemos apenas aéreas com proposta de oferecer passagens com preços mais acessíveis ou pagamento parcelado", lembra.

 

O executivo da Viva observa que no quesito QAV, as condições do mercado brasileiro são similares às da Colômbia, o que pode ajudar na adaptação local. "Em 2022, nosso maior desafio é o combustível, isso fez com que revisássemos nosso plano de crescimento para o ano. Estamos nos preparando para atravessar essa turbulência", diz Lalinde.

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Apesar do potencial, a colombiana pode enfrentar o retorno da franquia obrigatória de bagagem, caso o Congresso reverta o veto presidencial acerca do tema. "Sabíamos dessa discussão quando decidimos vir para o Brasil, esperamos que o governo não interfira nessa questão. Sabemos que nada é de graça, a passagem vai ficar mais cara para compensar esse custo", esclarece. "Nós, como uma empresa low-cost, queremos que o passageiro tenha a possibilidade de definir o que ele precisa", acrescenta.

 

Ele destaca, porém, que a medida não inviabilizaria o negócio. "Teríamos que estudar um novo modelo, mas nosso plano é ficar." Peppe salienta que a medida regulatória, caso aprovada, levaria a aumento de custos para todas as empresas. "Ainda assim as low-costs custariam menos para o consumidor."

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