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Vivo antecipa mudança de comando

Eduardo Navarro assume após empresa ter anunciado sucessão somente para o início de 2017

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

O executivo Eduardo Navarro de Carvalho assume oficialmente nesta quinta-feira, 17, a presidência da Telefônica no Brasil, dona da Vivo. Navarro substitui Amos Genish, posto que ocupava desde maio de 2015. A mudança de comando, anunciada em outubro na companhia, estava prevista para o início do ano, mas foi antecipada em algumas semanas.

Amos Genish chegou à Vivo após empresa comprar a GVT por R$ 22 bilhões Foto: Amanda Perobelli|Estadão

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O presidente global da Telefônica, José Maria Álvarez-Pallete, está no Brasil e vai participar da troca de comando. A transição da gestão começou a ser feita nas últimas seis semanas e estaria adiantada, segundo fontes. Navarro, que está no grupo desde 1999, ocupava o cargo de diretor comercial global na Espanha e veio para o Brasil para se inteirar dos negócios, após o anúncio da saída de Genish. Navarro esteve nos últimos dias em Brasília para se aproximar dos principais agentes do governo.  A saída de Genish pegou o mercado de surpresa. A empresa informou, à época, que a saída dele até o fim do ano já estava em negociações.

Navarro ainda não teve tempo de se restabelecer no Brasil. Ainda está hospedado em um hotel enquanto aguarda a reforma de seu antigo apartamento, que foi alugado para o ex-presidente da companhia, Antonio Carlos Valente, que era o principal executivo da companhia antes da chegada de Genish. 

Genish chegou ao grupo no ano passado após uma trajetória de sucesso na GVT, empresa fundada por ele e comprada depois pela francesa Vivendi. Em 2014, a Telefônica arrematou a GVT, por R$ 22 bilhões, considerada uma das maiores transações do setor de telecomunicações do País e que consolidou a operadora espanhola na liderança isolada do setor. A saída do empresário, segundo comunicado da companhia, foi em comum acordo. O executivo israelense, que passa a ocupar presidência do comitê de estratégia do conselho de administração da companhia da Telefônica, se mudará para Londres no início do ano para assumir um novo posto em outra companhia, que não foi anunciado.

Desafios. Embora tenha a liderança no País, a Telefônica tem alguns desafios pela frente. No mundo, tem de reduzir seu pesado endividamento. Ontem, o grupo vendeu o canal de TV aberta argentino Telefe à companhia norte-americana Viacom – dona de canais de TV paga como Nickelodeon e MTV. A transação foi de US$ 345 milhões. Com uma dívida de ¤ 52,5 bilhões (até junho), o grupo anunciou a venda de vários ativos para reduzir sua alavancagem.

No Brasil, a meta da Telefônica será de gerar mais receita e buscar alternativas além da conectividade. O mercado se retraiu com a crise econômica e as vendas recuaram. No mês passado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que permite à Telefonica trocar R$ 2,2 bilhões em multas por investimentos. 

Privatizada no fim dos anos 1990, a companhia ainda tem alguns resquícios de quando ainda era estatal. Precisa e ainda tem gordura para enxugar e se tornar mais eficiente. Nos últimos meses, o grupo tem feito cortes de pessoal, sobretudo, de call centers e terceirizado serviços. Altos executivos também deixaram a empresa. Foi o caso da ex-diretora de marketing. Cris Duclos, demitida sob a suspeita de ter desviado de recursos por meio de contratos superfaturados com as agências de publicidade. A executiva nega e processa a companhia. Na Telefônica, o assunto é tratado com discrição.

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Por meio de sua assessoria, a executiva disse que sua saída da empresa foi de "forma amigável". No processo aberto contra a Telefônica/Vivo, Cris exigiu a abertura de uma sindicância para provar sua inocência. Ao sair, elea saiu com um pacote de benefícios e uma cláusula de "não concorrência".

No terceiro trimestre, a companhia registrou aumento de receita de 2,2% sobre o mesmo período do ano anterior, para R$ 10,38 bilhões. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 3,4 bilhões, alta de 8,1%. O lucro líquido subiu 9,6%, para R$ 952 milhões no período.

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