
06 de fevereiro de 2017 | 18h06
Quando eu decidi ir para a faculdade - como eu era um bom aluno - obviamente era essa a expectativa de meus pais. Contei que faria faculdade de turismo e meu pai imediatamente soltou "vai aprender a viajar?". Passa por isso quem quer ser pioneiro, começar antes e se dedicar ao que poucos se dedicam hoje. E assim, é claro, o sucesso vem primeiro.
Os jovens criativos, que conseguiram escapar do que os pais queriam, pois nunca se imaginaram nas carreiras tradicionais, conseguiram convence-los de que fariam cursos como comunicação social, marketing e relações públicas, já que jornalismo e publicidade beiravam o limite da expressão criativa dentro de uma sala de aula. Mas a Geração Z não é assim. Os jovens nascidos a partir de 1995 (mais de 20 anos atrás!) já chegaram ao mundo vendo as profissões ligadas ao computador e à internet como algo natural.
Eles acompanharam a modernização dos celulares e computadores, viram a Apple lançar seu primeiro smartphone há exatos 10 anos, seus mp3 players virarem iPods, viram chegar notebooks, netbooks, tablets, e-readers e consoles de videogame de altíssima geração.
Junto com as profissões "do futuro" também surgem profissionalizações de excelência. Os clássicos cursos técnicos de elétrica, corte e costura ou informática das décadas passadas agora dão lugar aos cursos de edição de vídeo, motion graphics, storyboard, game design, design gráfico, 3D e artes digitais, que estão disponíveis inclusive em plataformas de ensino à distância.
Ser youtuber é um termo da moda, mas isso não é à toa. Jovens dos 12 a 16 anos já buscam espaço na plataforma com vídeos cheios de opinião, inspirados pelos brasileiros Kéfera Buchmann, Felipe Neto e Whindersson Nunes ? este último considerado o segundo youtuber mais influente do mundo pela Snack Intelligence. Já os jogadores profissionais de games viajam o mundo, dão autógrafos, têm torcidas e ganham milhares de reais por partida, derrubando o conceito de que as profissões que "valem a pena" são as tradicionais.
A Geração Z não trabalha por dinheiro, não gosta de seguir horário fixo e não topa ficar em um ambiente hostil. O que eles querem ? e sabem ? é que é possível trabalhar com o que se ama. Hollywood é prova disso. A capital do cinema não vive só de atrizes e atores, lá está a gama criativa de produtores, roteiristas, especialistas em efeitos especiais e sonoros, figurinistas e outros verdadeiros artistas que tornam o entretenimento muito mais valioso do que qualquer área tradicional do mundo.
Por isso, não é de se estranhar que os adolescentes cada vez mais queiram ser YouTubers, jogadores de e-Sports ou Game Designers. O mercado está sedento e preparado para eles.
Resta-nos apoiá-los e deixar que nos ensinem os meandros dessas novas profissões que escolheram, afinal são muito mais conhecedores do que nós mesmos!
* Marcos Tartuci é CEO da REDZERO, rede de escolas de games e entretenimento digital, que possui unidades high tech planejadas para estimular a criatividade e inovação dos alunos, e pertence aos mesmos donos da Full Sail University, universidade norte-americana que é referência mundial em educação de mídias, artes e entretenimento ? www.redzero.com e www.fullsail.edu.
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