
15 de fevereiro de 2017 | 15h28
Um empregado no Brasil custa em muitos setores mais de 100% em encargos sobre seu salário. Isso significa que um empregado com salário de R$1.000,00 por mês pode custar mais de R$2.000,00. Um empresário, portanto, se pretende contratar dez funcionários com esse salário, precisaria ter uma reserva de mais de R$20.000,00, e não apenas os R$10.000,00 referentes ao salário principal, e se só conta com o principal, acabará contratando apenas cinco.
Pactos laborais entre empregadores e empregados vêm sendo desconstituídos sempre em desfavor das empresas quando levados a Justiça do Trabalho. Uma parte substancial dessas reclamações nasceu a partir de um pacto aceito pelo trabalhador em dado momento, mas que após sua demissão, se busca a invalidação com base na sua hipossuficiência e na indisponibilidade quase absoluta de seus direitos diante da empresa que o contratou.
Se continuarmos sustentando uma imagem quase diabólica dos empregadores, como que querendo prejudicar sempre seus empregados, estaremos fadados a manter o país com níveis cada vez mais altos de desemprego e o aumento da informalidade.
Na nossa experiência diária em consultoria trabalhista, percebemos que os empresários buscam o desenvolvimento de novas estratégias simplesmente para aumentar sua capacidade de contratação, e consequentemente, aumentar a capacidade de atendimento do seu próprio negócio. Ou seja, não se trata de prejudicar o empregado, mas de aumentar seu volume de novas contratações para possibilitar o aumento da produção de bens e serviços.
A visão sindical torpe que assolou o país por tantos anos parece estar chegando ao fim com a proposta de uma reforma trabalhista onde o pacto entre o empregador e o empregado possa ser efetivamente respeitado, e onde se crie condições sustentáveis para o desenvolvimento do mercado produtivo no Brasil.
Um sonho? Vamos aguardar. Enquanto isso, melhor voltarmos para a realidade e continuarmos redesenhando os manuais de conduta e procedimentos dos empregados para redução do risco trabalhista, otimizando escalas, estudando a possibilidade de terceirização, porque no Brasil qualquer economia gerada na empresa pode ser a diferença entre a sobrevivência e a falência, e quando a empresa fecha, nessa hora, todos acabam perdendo.
Marcio Caldas e Ricardo Ricciardi são sócios da Caldas & Ricciardi Sociedade de Advogados e da CR Soluções, consultoria empresarial com foco no middle market.
Website: http://www.crsolucoes.com
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.