23 de abril de 2010 | 23h00
A Toyota vai convocar nos próximos dias donos do modelo Corolla para a substituição do tapete do motorista. A peça defeituosa pode provocar aceleração involuntária do veículo ao enroscar-se no pedal. A decisão foi anunciada ontem à noite pelo Procon/SP. Segundo o órgão, houve acordo entre a montadora e o Departamento de Defesa do Consumidor (DPDC), que ameaçava suspender a venda do modelo em todo o País, a exemplo que foi feito em Minas Gerais.
ESPECIAL: Onda de recall
A decisão de realizar o recall – medida que vinha sendo recusada pela montadora –, foi acertada na tarde de sexta-feira, durante reunião em Brasília, entre representantes da empresa e do Grupo de Estudos Permanentes de Acidentes de Consumo (Gepac), formado por vários órgãos de defesa do consumidor e que atua em conjunto com o DPDC.
Até as 20h, porém, a montadora não havia confirmado o acordo. É a segunda vez em pouco mais de um mês que uma montadora brasileira realiza recall após determinação do DPDC. O caso anterior ocorreu em março, com o Fiat Stilo, após quase dois anos de análise de acidentes em que as rodas traseiras de alguns modelos se soltaram em movimento.
De acordo com nota divulgada pelo Procon/SP, que integra o Gepac, "a convocação visa a resguardar a saúde e a segurança dos consumidores". O órgão informa ainda que o Gepac chegou a solicitar ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a suspensão da venda do modelo em todo o País. No mês passado, o Denatran fez o laudo que levou o DPDC a exigir o recall do Stilo.
"No entanto, como a Toyota se comprometeu a realizar o recall, a medida mais extrema não foi necessária de imediato." A venda do Corolla, que custa a partir de R$ 60 mil, estava suspensa em Minas Gerais desde quarta-feira, por determinação do Ministério Público local, que atendeu recomendação do promotor do Procon estadual, Amauri Artimos da Matta.
"O resultado da reunião (de sexta) foi satisfatório, pois mostrou a força da união dos órgãos de defesa do consumidor, que conseguiram garantir a preservação da segurança dos motoristas", disse Roberto Pfeiffer, diretor executivo da Fundação Procon-SP.
Também participam do Gepac o DPDC, Ministério Público Federal em São Paulo, Ministério Público Estadual de São Paulo, Ministério Público do Distrito Federal, Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC).
Monitoramento
O Procon/SP informou ainda que, assim que foi divulgada a notícia de recall da Toyota nos Estados Unidos, envolvendo mais de 8,5 milhões de veículos, foi instaurada averiguação sobre o caso no Brasil, em conjunto com o Gepac. Esse procedimento continuará em andamento, disse o órgão. "O órgão continua monitorando a conduta da empresa e, caso constate algum desrespeito ao recall, bem como outro problema que possa causar prejuízo aos consumidores, não hesitará em autuá-la", disse a nota.
Para Jailton de Jesus, presidente da Associação Nacional das Vítimas de Montadoras e Concessionárias Automobilística (Avemca), tudo indica que o problema não está ligado apenas à fixação do tapete. "Tudo indica que há problemas também no acelerador."
Em nota divulgada na quinta-feira, a Toyota informava que o problema da aceleração estava relacionado ao mau posicionamento ou instalação incorreta do tapete do motorista.
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