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Conselho sobre investimento em rede social exige cautela

Divulgação de informações estimula aprendizado, mas compartilhar dados pessoais é risco

Por Malena Oliveira
Atualização:

Ele recebeu uma herança de R$ 1 milhão e quer saber como viver apenas com o rendimento de aplicações financeiras. Ela ganhou R$ 50 mil após um processo de divórcio e está em dúvida sobre o que é mais vantajoso: comprar ou alugar um imóvel.  Relatos como estes, vistos em um grupo com mais de 40 mil membros em uma rede social, são cada vez mais frequentes na web. Se, por um lado, mostram a evolução dos sites de relacionamento como plataforma de educação financeira, por outro exemplificam o quanto o internauta pode colocar em risco a própria segurança ao expor dados pessoais. Entre especialistas, a preocupação também é com a qualidade do conselho recebido. A proliferação de informações de fácil acesso sobre o tema é considerada positiva mas, como todo tipo de conteúdo divulgado na internet, exige conhecimento prévio para filtrar conteúdos e evitar armadilhas. “A demasiada oferta desse tipo de informação pode atrapalhar o investidor”, diz o professor de finanças da Fecap, Joelson Sampaio.  A recomendação de investimentos na web e nas redes sociais é uma questão acompanhada de perto por estudiosos e órgãos reguladores. Porém, no caso de irregularidades, há punição específica prevista apenas para aplicações em ações de empresas, fundos e títulos privados, os chamados valores mobiliários. Ficam, assim, excluídos papéis como os títulos do Tesouro Direto e o Certificado de Depósito Bancário (CDB), por exemplo, investimentos que ganharam milhares de novos adeptos nos últimos anos. “Temos observado um aumento no número de consultas sobre o que é permitido ou não pelo regulador”, diz Vera Simões, gerente de Registros e Autorizações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais no Brasil. Segundo as normas da CVM, é crime atuar como analista ou consultor financeiro sem o devido credenciamento na autarquia. “Qualquer atividade em que está previsto patrocínio ou remuneração é vista como consultoria financeira”, diz Vera, que cita como exemplo a remuneração por visualizações de vídeos no YouTube. Profissionalização.Seguindo o crescimento na busca por aconselhamento financeiro, o número de profissionais certificados que prestam esse tipo de serviço no País avançou 26,7% no ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar, antigo IBCPF).  A atuação na área, porém, não é proibida para quem não detém a credencial, obtida por meio de um teste de conhecimentos. Basta apenas a formação adequada. Outra alternativa que surgiu a partir dessa demanda é o serviço de coaching de finanças, cuja atuação se dá mais na área psicológica. Tal como um “treinador”, o coach identifica a necessidade do cliente (poupar, investir, equilibrar renda e despesas) e busca trabalhar seus pontos fortes e fracos na relação com o dinheiro. A cobrança pelo serviço geralmente é feita por hora de consulta com o profissional, muitas vezes com o primeiro aconselhamento gratuito. A reportagem encontrou preços entre R$ 150 e R$ 450 por sessão, com opções presenciais e pela internet.  Recorrer a essa alternativa é mais indicado para pessoas endividadas. Para quem tem filhos e deseja fazer um planejamento sucessório, vale a pena buscar informações sobre planejadores certificados, embora especialistas vejam vantagem maior para quem tem patrimônio acima dos R$ 10 milhões. Antes de tomar qualquer decisão sobre investimentos, a recomendação é a busca de informações sobre o produto financeiro em que se deseja aplicar dinheiro e também sobre o histórico da instituição ou do profissional que o recomendou.  Caso se sinta lesado, o investidor pode recorrer à CVM, em caso de valores mobiliários, ou aos órgãos de defesa do consumidor e até à Justiça comum.

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