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Fintech de investimento tradicional lança plataforma para compra de bitcoin

Braço de moedas virtuais do robô de investimentos Warren quer oferecer mais segurança; corretoras devem seguir tendência

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Por Anna Carolina Papp
Atualização:

Com o boom do bitcoin nos últimos tempos, o Brasil ultrapassou 1 milhão de investidores na criptomoeda – acima dos 715 mil cadastros em Bolsa. Com tamanho interesse, pipocaram no ano passado dezenas de plataformas de negociação de moedas digitais.

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Esse mercado também tem atraído fintechs e corretoras de investimentos tradicionais de renda fixa e variável. A ideia é não ficar de fora desse universo e oferecer como diferencial mais facilidade e segurança nas operações. 

Em agosto, o Warren – um robô de investimentos criado por ex-funcionários da XP – lançou o seu “braço” de criptomoedas – a plataforma Elliot. Ela já conta com 5 mil clientes e tem 12 mil na fila de espera.

Tito Gusmão (E) e Eduardo Tocchetto, da plataforma Elliot, que investe em bitcoin Foto: Cássio Augusto Ramos

Da mesma forma que o Warren, a interação como Elliot é via chatbot, um bate-papo virtual, de forma descontraída. Por meio dessa interação, é traçado o perfil de risco do investidor.

Por ora, só é possível comprar e vender bitcoins. Porém, ainda este mês, serão vendidas outras moedas, como etherium e litecoin. No final do ano, será possível ter um portfólio de criptomoedas, mais próximo à proposta do Warren, que, diante do perfil de risco, monta uma carteira de renda fixa e variável.

O Elliot se difere de outras corretoras pois não permite que o usuário retire bitcoins da plataforma e os transfira para uma carteira virtual, como acontece na maioria desses serviços. Quando o cliente quer resgatar o ativo, precisa vendê-lo no Elliot e transferir o dinheiro, em reais, para uma conta de sua titularidade. “Isso dá mais segurança à transação”, diz Tito Gusmão, um dos fundadores do Warren. A corretora vai cobrar uma taxa única de 0,5% por transação.

Ele, que se denomina um “romântico” nesse assunto, percebeu que era necessário criar um “laboratório” de criptomoedas na fintech, depois de ter levantado que 30% dos usuários do Warren já investiam em criptomoedas e 87% desejavam investir pela plataforma se pudessem.

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O “primo” Elliot nasceu do encontro de Gusmão com três amigos que queriam criar uma startup de moedas digitais. “O nome era horrível (Dourado Capital), mas os meninos eram incríveis e sabiam tudo sobre o assunto”, brinca. “Daí fizemos uma proposta de parceria e eles viraram nossos sócios.”

Gusmão explica que, apesar de terem a mesma interface, foi estratégico lançar o Elliot como uma plataforma separada. “Por mais que ele seja moderninho na cara e na proposta, ele é conservador: é a alternativa à renda fixa do banco, ao plano de previdência”, diz Gusmão. “Já as criptomoedas têm mais volatilidade e risco – não é para um plano de longo prazo.”

 Para ele, apesar da queda em 2018, as moedas digitais têm um potencial promissor e devem avançar como meio de pagamento nos próximos anos. Ele também observa que agora, passado o alvoroço, pode ser uma oportunidade de investir na baixa.

Na mira. Além de fintechs, corretoras tradicionais também estão de olho nesse mercado. O grupo XP pretende lançar este mês sua plataforma de criptomoedas, segundo apurou a Coluna do Broadcast. A operação rodará, porém, em uma empresa separada, registrada com o nome XDEX. Procurada, a XP não comentou.

Moeda recuou 60% desde o pico em janeiro

Depois do frenesi em torno da moeda no fim do ano passado, que culminou no pico da cotação em meados de janeiro – US$ 17 mil –, o bitcoin acumula desde então queda de 60% em dólar, voltando ao patamar observado em novembro, na casa dos US$ 7 mil.

A desvalorização, para especialistas, se deve a uma espécie de “ajuste” no preço, já que a intensa demanda no último trimestre de 2017, que fez a cotação disparar, teria sido um ponto fora da curva. 

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“Essa queda na verdade foi a ‘entrega’ de toda a alta que vimos em dezembro e janeiro”, afirma Gustavo Cunha, especialista em criptomoedas e professor de inovação e finanças do Ibmec. “Houve uma corrida para o bitcoin, pois, ao ver os ganhos, muita gente ficou com medo de ficar fora da festa.”

Outra pressão sobre o preço foram os diversos ataques de hackers no período, sobretudo na Ásia, causando prejuízo a investidores. Soma-se a isso o imbróglio da regulação referente ao setor de criptomoedas.

Para Cunha, o movimento da moeda, passada a euforia, serviu para alertar os investidores a respeito da suitability – termo em inglês que refere-se ao perfil de risco do investidor. “As pessoas puderam ver que se trata de um investimento que pode subir ou cair muito rapidamente de um dia para o outro. Logo, é preciso investir com isso em mente.”

Varejo. A queda em 2018 também reflete, segundo especialistas, a frustração do mercado com o avanço limitado na aceitação de moedas digitais no comércio. “O bitcoin ainda enfrenta entraves de tecnologia para virar meio de pagamento. Podem ser feitas de 7 a 8 transações por segundo; já a rede de cartão Visa, por exemplo pode fazer 25 mil”, diz. 

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