03 de junho de 2015 | 20h17
A simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que a poupança só é a melhor opção de investimento nos casos em que a taxa de administração dos fundos supera 3% ao ano (ver na tabela abaixo). “A alta da Selic vem aumentando a vantagem dos fundos. Hoje, eles batem a poupança na maioria das ocasiões”, afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de Estudos Econômicos da Anefac.
No médio prazo, porém, o contínuo aumento da rentabilidade dos fundos pode levar os bancos a aumentar as taxas de administração dos fundos. “Há três ou quatro anos, à medida que começaram a perder negócios para a poupança com a queda dos juros, os bancos reduziram as taxas de administração. Nada impede que ocorra o movimento contrário”, diz Oliveira. “Não acredito que isso aconteça tão cedo, mas no médio prazo é uma possibilidade; então o investidor tem de ficar atento.”
Retirada. A contínua perda de atratividade da poupança tende a dificultar ainda mais o financiamento imobiliário no País. Principal fonte de recursos do crédito imobiliário, a caderneta de poupança perdeu R$ 30 bilhões no primeiro quadrimestre, o que se tornou um entrave adicional para o setor num momento de desaceleração econômica.
Com os juros a 13,75% ao ano, a poupança tem um rendimento mensal de apenas 0,62%, segundo a Anefac, insuficiente para trazer ganhos reais elevados. Em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) foi de 0,60%. “A diferença entre a poupança e produtos referenciados ao CDI vai ficar ainda mais gritante, o que vai incentivar ainda mais a saída da poupança”, diz Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper.
Uma parte da movimentação dos investidores já ficou evidente. De janeiro a abril deste ano, o Tesouro Direito ganhou mais de 41 mil investidores. O resultado foi mais que o dobro do verificado no mesmo período de 2014.
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