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Inadimplência das famílias paulistanas chega a 18,8%, maior taxa desde junho de 2012

Pesquisa da FecomercioSP também mostra que metade das famílias estão endividadas, apesar do 'esforço para reequilibrar o orçamento doméstico'

Por Karla Spotorno (Broadcast)
Atualização:

SÃO PAULO - A inadimplência dos paulistanos chegou ao maior porcentual desde junho de 2012. Em maio, 18,8% das famílias da cidade de São Paulo afirmaram estar com as contas em atraso, o que representa uma alta de 0,5 ponto porcentual (p.p.) em relação a abril. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o indicador apresentou alta de 3,3 p.p, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A pesquisa também mostrou que metade das famílias estão endividadas, apesar do "esforço dos paulistanos para reequilibrar o orçamento doméstico".

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Entre as famílias que declararam estar inadimplentes, 49,6% afirmaram ter débitos vencidos há mais de 90 dias; 23,3% têm compromissos atrasados entre 30 e 90 dias; e 24,7% estão com dívidas vencidas por até 30 dias. 

"A elevação na proporção de famílias com contas em atraso demonstra o quanto a crise econômica atual e o quadro de incerteza ainda vigente está afetando diretamente a capacidade das famílias paulistanas de manter as contas em dia", afirmam os analistas da FecomercioSP em nota à imprensa.

Segundo o levantamento, a inadimplência é maior nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 22,5% estão com contas atrasadas - aumento de 3,9 p.p. na comparação com maio de 2015. Entre as que recebem mais de dez salários mínimos, 9,9% afirmaram ter dívidas vencidas em maio - elevação de 1,9 p.p. Em igual base comparativa.

O cartão de crédito continua sendo o principal meio de financiamento das famílias, utilizado por 73,2% dos devedores em maio. Em seguida constam financiamento de carro (15,7%), carnês (14,4%), financiamento imobiliário (13,5%), crédito pessoal (11,2%) e cheque especial (10,4%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 3,3 p.p. na proporção de famílias endividadas no cartão. Houve também, em um ano, crescimento de 4,6 p.p na proporção de endividados no cheque especial.

As duas modalidades de financiamento são as mais caras do mercado financeiro no Brasil o que é, para a federação, muito "preocupante". "As taxas de juros cobradas por essas modalidades giram em torno de 300% ao ano no caso do cheque especial e superam os 400% ao ano no rotativo do cartão de crédito", alertam os analistas.

Endividamento. A pesquisa também mostrou que metade das famílias paulistanas (50,1%) tinha dívidas no mês passado. Ainda que negativo, o retrato mostra uma melhora em relação a abril (50,2%) e em relação a maio do ano passado (55,1%). Em números absolutos, o total de famílias com algum tipo de dívida diminuiu de 1,962 milhão em abril para 1,925 milhão em maio. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o número era de 1,974 milhão, houve queda de 49 mil famílias.

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Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o resultado do mês passado mostra o esforço dos paulistanos para administrar melhor o orçamento. A missão é árdua, entretanto, em razão do "cenário atual de desemprego, inflação alta, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito", na avaliação dos analistas da federação.

Assim como no retrato da inadimplência, as famílias mais endividadas são as que têm menor remuneração. Entre quem tem renda inferior a dez salários mínimos, o porcentual de endividados caiu apenas 0,6 ponto porcentual (p.p.) em relação a abril, ficando em 53,8% em maio, acima do porcentual geral. Já entre quem recebe mais de dez salários, a parcela de endividados foi de 39,7%, retração de 2 p.p. ante abril.

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