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Norte e Nordeste aumentam participação no Tesouro Direto

Apesar do avanço nos últimos 12 meses, fatia combinada das duas regiões no investimento ainda é de 11,6%

Por Malena Oliveira
Atualização:

O investimento em títulos do Tesouro Direto está ganhando mais espaço fora das regiões Sudeste e Sul do País – que tradicionalmente têm mais acesso a informações e serviços financeiros. Entre os quase 1,5 milhão de CPFs cadastrados no programa, o público do Norte e do Nordeste vem, aos poucos, aumentando sua fatia no bolo.

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Aos poucos, regiões fora do eixo Sudeste-Sul aumentam fatia no Tesouro Direto Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Apesar de ainda engatinhar, a participação dos investidores do Norte do País passou de 1,8%, em junho do ano passado, para 2,3%, no mesmo mês deste ano. Em junho de 2015, a proporção era de 1,5%. Já a fatia do Nordeste, que encerrou junho em 9,3%, era de 8,1% em junho de 2016, e de 7,4%, no mesmo mês de 2015.

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No Centro-Oeste, a proporção era de 7,4%, em junho de 2015, ficou estável no ano seguinte e passou a 7,6%, em junho deste ano. No Sudeste, na mesma base, a fatia foi de 69,2% para 68,4% e depois para 66,5%. No Sul, passou de 14,6% para 14,3%, e depois subiu para 14,4%. O total de investidores no País, que era de pouco mais de 520 mil CPFs cadastrados em 2015, quase triplicou nos últimos dois anos.

“A participação das regiões Norte e Nordeste vem aumentando tanto em investidores cadastrados quanto em ativos”, diz Lena Oliveira de Carvalho, coordenadora de planejamento estratégico da Dívida Pública. A diferença entre o número de pessoas que se inscrevem na plataforma do Tesouro e as que aplicam dinheiro, porém, segue grande. Em junho, por exemplo, o número de investidores ativos era de pouco mais de 500 mil.

A disseminação de informações sobre o tema, a possibilidade de fazer transações pela internet e o trabalho de corretoras e agentes autônomos ampliaram o alcance do Tesouro. Os resultados, porém, estão longe do ideal: “Ainda há muitas pessoas com dinheiro em conta corrente. Quando conseguem poupam”, afirma Mauro Calil, consultor de investimentos do banco Ourinvest.

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Professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha vê com bons olhos o movimento: “Tudo o que é ligado a finanças está muito concentrado no eixo Rio–São Paulo. A carência dessa oferta nas demais regiões do País faz com que as pessoas sejam mais autodidatas”, explica. 

O estágio do relacionamento da população com o sistema financeiro – a chamada bancarização – ainda é uma barreira para muitos. Além disso, desenvolver o hábito de poupar só vem depois da organização financeira. “Quem tem renda mais baixa no Brasil também consegue equilibrar as contas, adquirir bens e investir. Essas pessoas têm um perfil muito organizado”, diz Maurício de Almeida Prado, diretor da consultoria Plano CDE.

A consultora Vera Silviani, que trabalhou na avaliação da plataforma em 2013 e este ano, diz que a evolução do Tesouro Direto é boa, mas que há espaço para crescer: “Precisamos fazer com que as mulheres participem mais”, diz.

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