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Número de operações de portabilidade de crédito cresce 114% em um ano

Com alta do juro, consumidor passou a pesquisar taxas; disputa entre bancos por novos clientes também cresceu, de olho no crédito consignado

Por Yolanda Fordelone
Atualização:

Com pouco mais de um ano de vigência de novas regras, a portabilidade de crédito tem atraído cada vez mais endividados. Entre setembro de 2014 e o mesmo mês neste ano, o número de operações de migração de recursos de crédito entre bancos mais que dobrou. O crescimento foi de 113,8% em quantidade de migrações e de quase 65,8% em volume.

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Uma primeira explicação para o aumento é o cenário econômico, já que com a taxa de juros mais cara o consumidor passou a pesquisar mais as tarifas. A diferença pode ser grande. Segundo uma pesquisa da Fundação Procon-SP com sete grandes bancos, em setembro o consumidor interessado em obter um empréstimo pessoal encontrava juro desde 4,8% até 7,99% ao mês.

Não é só o juro alto, porém, que tem movimentado o mercado. A portabilidade foi impulsionada em parte por uma postura mais agressiva das instituições financeiras em busca de novos clientes. 

O consignado - modalidade de crédito na qual as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento do trabalhador ou aposentado - é o tipo de carteira mais disputada, visto que o risco de inadimplência é baixo. “O grande foco do mercado hoje é o consignado, pelo baixo risco, e o imobiliário, pela longevidade”, diz Eduardo Tambellini, sócio e consultor da GoOn, empresa especialista em Riscos e Negócios.

No crédito imobiliário, porém, não ocorrem tantas operações porque a diferença de taxa de juros não é grande. Já no consignado, o cliente pode, além da taxa, negociar vantagens.

Benefícios. Prazo alongado e um valor maior financiado são algumas moedas de troca na migração do crédito. “O crescimento é uma combinação: os bancos se adaptaram ao sistema operacional, há clientes conscientes em busca de juros atrativos e aqueles que procuram algum troco na portabilidade”, diz o diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil, Edmar Casalatina.

Isso significa que, além da procura por um juro menor, o consumidor tem trocado de banco credor por causa de benefícios que consegue na portabilidade para o concorrente, como um prazo maior de pagamento. Outra vantagem comum é a obtenção de um empréstimo maior.

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“Os grandes bancos têm uma política de crédito diferente dos pequenos e das financeiras. Não podem operar no limite porque o cliente já tem outros compromissos na instituição, como um cartão de crédito ou um cheque especial”, explica Casalatina.

Ao migrar para um banco menor ou uma financeira, o consumidor consegue um crédito maior, no valor do teto hoje permitido. No consignado, por exemplo, hoje este limite é de 30% da renda e 35%, se os cinco pontos porcentuais adicionais forem usados para quitar dívidas com cartão de crédito.

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