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Poupança perde para a inflação no 1º semestre

Aplicação teve um retorno real negativo de -0,26%; desde o Plano Real, situação semelhante só ocorreu nos primeiros semestres de 2003, 2008, 2011 e 2013, segundo consultoria

Por Hugo Passarelli e com Economia & Negócios
Atualização:

A inflação corroeu os ganhos da caderneta de poupança no 1º semestre deste ano. Quem guardou dinheiro na aplicação mais popular do País teve um retorno de 3,47%, contra uma inflação pelo IPCA de 3,75% no período. Isso significa que a rentabilidade foi negativa na primeira metade do ano em -0,26% ou, em outras palavras, o investidor perdeu poder de compra. Os dados foram compilados pela consultoria Economatica.

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Além do desempenho na primeira metade deste ano, o levantamento mostra que, desde a criação do Plano Real, a poupança só teve retorno negativo nos primeiros semestres de 2003, 2008, 2011 e 2013.

A consultoria ressalta que o cálculo do ganho real não é a simples diferença do retorno da poupança e o IPCA no período, e, sim, a divisão entre o retorno da poupança e o retorno do IPCA.

Esse desempenho se refletiu na captação da poupança (a diferença entre saques e depósitos). De janeiro a junho deste ano, a captação líquida ficou em R$ 9,6 bilhões, contra R$ 28,2 bilhões no mesmo período de 2013 - uma queda de 66%. O saldo do primeiro semestre deste ano é o menor desde o mesmo período de 2011, quando os saques superaram os depósitos e a captação ficou negativa em R$ 3 bilhões. 

Diversificar. Neste cenário, o investidor deve diversificar seus investimentos para se proteger contra a inflação. Uma opção está no Tesouro Direto. Os títulos públicos atrelados à inflação - Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) e Série B Principal (NTN-B Principal) - atualmente pagam juro fixo a partir de 6% ao ano mais a variação do IPCA. Ou seja, o investidor fica protegido do aumento dos preços e tem um ganho real de 6% ou mais.

No Tesouro Direto, o investimento mínimo é de uma fração de 10% do valor do título inteiro. Portanto, como o papel mais barato custa pouco mais de R$ 600, a aplicação mínima é de R$ 60. O indicado é permanecer na aplicação até o vencimento. Mas, se precisar do dinheiro, o investidor pode resgatar nos leilões de recompra que o governo promove toda quarta-feira. Os títulos públicos, ao contrário da poupança, sofrem cobrança de Imposto de Renda.

A regra da poupança mudou em 2012. Hoje, quando a taxa Selic está em 8,5% ao ano ou abaixo desse nível, a caderneta rende 70% do juro básico mais a variação da Taxa Referencial (TR). Acima disso - caso do atual momento - a poupança rende 0,5% ao mês ou 6,38% ao ano, fora a TR.

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Em 2013, 55,5% das aplicações da poupança eram de até R$ 100, segundo balanço do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Estendendo o universo para até R$ 20 mil, chega-se ao porcentual de 95% do total de investidores da caderneta.

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