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Somente 30% dos fundos de ações bateram o Ibovespa em janeiro

Em todo o ano de 2016, apenas 16,5% das carteiras superaram o índice referência do mercado

Por Malena Oliveira
Atualização:

Apesar da alta de mais de 7% da Bolsa em janeiro, a maioria dos fundos de ações – uma maneira indireta de entrar nesse mercado – manteve o desempenho abaixo do Índice Bovespa no período. Mesmo as carteiras com estratégias diferenciadas, como as que buscam ações que paguem bons dividendos, não superaram o principal índice de ações do mercado.

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Levantamento feito pelo Estado com base em dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) analisou o desempenho de 1,4 mil fundos de ações no mês passado e em todo o ano de 2016. Desses, cerca de 30% superaram o Ibovespa em janeiro.

No ano passado, o porcentual foi ainda menor e totalizou 16,5%. A pesquisa excluiu fundos específicos e que investem no exterior. 

Entre os fundos que se propõem a replicar (ações indexado) ou superar índices (índice ativo), os que conseguiram bater o Ibovespa somaram 12,5% na primeira categoria, e 30,48% na última, ainda na análise sobre os dados de janeiro.

Segundo especialistas, é comum que as carteiras que buscam reproduzir o comportamento de um índice rendam menos. Isso ocorre por causa dos custos para montá-las e da taxa de administração paga pelo investidor.

No caso dos fundos índice ativo, porém, as operações oferecem mais risco a seus cotistas. Um desempenho abaixo da referência do mercado significa muito risco e pouco retorno.

Diretor de investimentos da Magliano Corretora, Julio Oliveira, diz que um fundo com patrimônio líquido abaixo de R$ 5 milhões dificilmente consegue bancar os próprios custos e ainda oferecer uma rentabilidade acima do Ibovespa. “Só no ano passado, esses custos aumentaram 400%”, garante. Segundo o executivo, esse é um critério que pode ser usado para escolher em que fundo aplicar, apesar de haver exceções. 

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Investir em um fundo de ações é uma opção para quem deseja comprar papéis de empresas, mas não tem disponibilidade para pesquisar os que oferecem maior rentabilidade. Além disso, não exigem um investimento inicial elevado. Analista-chefe da corretora Rico, Roberto Indech destaca que há opções a partir de R$ 1 mil. 

Cada fundo funciona como um condomínio e tem regras que podem variar conforme critérios do banco ou da empresa gestora dos recursos. A taxa de administração, cobrada sobre o valor aplicado, é um desses critérios. No levantamento, elas variam entre 0% e 6% ao ano. 

Além disso, há fundos que cobram uma taxa adicional quando a rentabilidade ultrapassa determinado patamar, a chamada taxa de performance. Todas essas informações podem ser encontradas na lâmina do fundo, documento disponível no ambiente de negociação das corretoras e também no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), regulador do mercado.

Outra opção para quem quer replicar não só o Ibovespa, mas também outros índices, são os chamados ETFs (Exchange Traded Funds, na sigla em inglês). Com um custo médio de 0,5% sobre o valor aplicado, eles são fundos cuja carteira tem o número de ações equivalente ao peso de cada papel em determinado índice. Assim, o Bova 11, que segue o Ibovespa, terá exatamente as mesmas ações que compõem esse portfólio.

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Especialista em finanças e sócia da BSG DuoPrata Treinamentos, Betty Grobman afirma que os ETFs são mais eficazes em reproduzir o comportamento dos índices, seja ele positivo ou negativo. “Os fundos, porém, têm mais liquidez”, diz. 

Cenário. Analistas são unânimes em projetar um melhor desempenho para os fundos de ações em 2017 à medida em que os resultados das empresas comecem a mostrar recuperação. Para isso, serão decisivas as reformas que tramitam no Congresso Nacional, como a da Previdência, e a melhora nos indicadores econômicos. 

O comportamento dos fundos de ações em janeiro foi apontado como atípico por conta da alta expressiva nas ações da Vale, da Bradespar e de siderúrgicas no mês passado. “Esses papéis têm participação relevante no Ibovespa, mas foram deixados de lado nos últimos meses por não serem vistos como promissores”, diz Indech, da Rico. No entanto, ele destaca que o preço do minério de ferro vem subindo desde novembro do ano passado, o que impulsiona Vale e siderúrgicas. 

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No caso da Bradespar, o avanço se deu por conta do novo acordo de acionistas da Vale, no qual a empresa tem parte. O pacto que deve blindar a mineradora de ingerência política foi anunciado em fevereiro, mas já movimentava expectativas quanto ao preço das ações. “Obviamente, o gestor que não tinha Vale na carteira teve dificuldade de bater o Ibovespa”, diz Gustavo Pires, líder de fundos da XP Investimentos.

Apesar de ações serem uma alternativa para quem está mais disposto ao risco, o investidor pessoa física deve buscar informação para não acabar aplicando dinheiro em um ativo que já teve o seu momento de valorização. “Quem olha pelo retrovisor vai começar a investir quando elas se valorizarem. Isso é um equívoco”, diz Amerson Magalhães, sócio-diretor da corretora Easynvest.

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PRESTE ATENÇÃO

1. Antes de aplicar dinheiro em um fundo, tenha em mente o seu objetivo financeiro, o prazo pelo qual deseja investir os recursos e sua tolerância ao risco. Segundo especialistas, o investimento em ações e produtos relacionados não é recomendado para quem não tem uma reserva de emergência.

2.Busque informações sobre a rentabilidade do fundo no passado e sobre a empresa gestora. A lâmina do fundo é um documento público que traz todas as informações sobre a estratégia adotada pelo gestor, além dos custos cobrados pelo investimento. Vale a pena comparar as taxas de administração e, quando houver, taxas de performance. 

3. Os ETFs replicam o comportamento dos índices de ações e são considerados alternativas mais baratas do que os fundos. A diferença, porém, é que estes podem ter estratégias para reduzir perdas, ao contrário dos ETFs. 

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