Conhecimento que vai além da academia ganha força dentro das empresas

Busca por educação, contudo, é um diferencial competitivo para lidar com novas tecnologias, afirmam especialistas

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Por Ludimila Honorato
3 min de leitura

No começo de 2018, Iago Araújo sentia-se pronto para adentrar de vez no mercado de trabalho como designer gráfico, mesmo que ainda estivesse cursando Engenharia. Foi quando o seu caminho se cruzou com o da Sanar, e ele foi contratado como estagiário. A startup exige formação universitária apenas para esse cargo e para profissionais da área de saúde que atuam como coordenadores. No mais, busca nos candidatos valores compatíveis com os da companhia.

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“DNA vencedor, revolucionar, diversidade e se divertir são os quatro valores que balizam muito como a gente traz a pessoa aqui. Essa cultura é mais forte do que ter competência técnica”, diz Erica Vasconcelos, head de People na Sanar. Ela explica que, atualmente, o processo seletivo olha muito mais para o match da pessoa com os requisitos da vaga e princípios da empresa, sendo mais importante estar apto do que ter um diploma para apresentar. Da tecnologia ao comercial, do marketing ao financeiro, do júnior ao sênior, é possível trabalhar na startup sem ter, prioritariamente, cursado o ensino superior. É a busca pelas chamadas soft skills que está cada vez mais evidente nos recrutamentos.

Iago Araújo trocou engenharia civil pela carreira nodesign gráfico. Foto: Sanar/Divulgação

Se adequar a essa realidade também exigiu treinar os recrutadores da Sanar para que eles analisassem os currículos sem vieses e pela lente dos valores da companhia. Dessa forma, pouco importa onde e como Araújo aprendeu tudo que sabe sobre design gráfico. A bagagem dele permitiu que, após seis meses, ele fosse efetivado e, com isso, decidisse largar a Engenharia. E até agora, ele afirma não sentir a necessidade de fazer um curso superior na área em que atua. “Minhas referências estão produzindo conteúdo fora desse cenário acadêmico, consigo me conectar e adquirir muito conhecimento sem estar nesse ambiente.”

O CEO do Zro Bank também levou para a empresa o que funcionou para ele. Na hora de contratar, ele olha muito mais para o perfil da pessoa, o quanto ela tem vontade de aprender, do que para o diploma em si. “Depende do cargo, mas a gente vê o nível de curiosidade, criatividade, proatividade. Posso contratar um financeiro apenas com curso avançado de Excel, que sabe fazer BI. Falo muito que para atuar na minha empresa basta fazer um curso de um mês ou menos para aquele setor específico”, conta Pereira Neto.

Aprender sempre

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Além da ausência de diploma universitário, Pereira Neto e Araújo têm em comum o desejo pelo conhecimento, por estarem sempre em contato com pessoas e assuntos que vão contribuir para o crescimento pessoal e profissional. E mesmo que os especialistas ouvidos pelo Estadão sejam um tanto céticos quanto a não exigência de diploma ser uma tendência e tornar-se cada vez mais comum fora do universo das startups e empresas de tecnologia, ele reconhecem que há características profissionais que vão além disso.

“Só ter graduação em si não diz muita coisa. Vai demorar, mas talvez meu filho passe por um novo modelo de formação que valorize outras skills”, afirma Mariana Torres, especialista em carreiras e recolocação. “É muito importante estar atualizado e sempre estudando, independente de ser curso técnico, livre, graduação, à distância ou de graça.”

Para Antonio Salvador, da Mercer Brasil, cenários em que o certificado de ensino superior é secundário são exceções, mas sempre vão existir. Mas “a busca por educação é o diferencial competitivo”, principalmente para lidar com novas tecnologias e inteligência artificial, diz. O presidente da ABRH acrescenta que aprender outro idioma também é fundamental, “não só para conseguir emprego, mas ter acesso” a bons conteúdos abertos de bibliotecas internacionais.

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