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Diversidade faz saltar de 2 para 200 número de vagas para especialistas

Dados são da startup Gupy, que comparou intervalo de janeiro a maio de 2020 e 2021; empresas passaram a destacar mais o compromisso com diversidade na divulgação das vagas

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Por Ludimila Honorato
Atualização:

Empresas de todos os portes e segmentos têm se dedicado a iniciar ou aprimorar as políticas internas que estejam alinhadas com diversidade e inclusão (D&I). Essa temática integra a pauta ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), cada vez mais em alta, e estimula a busca por especialistas em D&I que conduzam essas mudanças. A demanda é expressiva e rápida: passou de 2 para 200 o número de vagas ofertadas para a área de janeiro a maio de 2020 comparado ao mesmo período deste ano.

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O dado faz parte de um levantamento da Gupy, startup de tecnologia voltada para processos de recrutamento e seleção. A empresa conta com mais de mil companhias cadastradas e são abertas mais de 60 mil posições por mês. Esse aumento cem vezes superior ao volume do ano passado reforça como a diversidade e a inclusão têm aquecido o mercado de vagas para líderes. Em março, o Estadão Carreira e Empreendedorismo mostrou que, somente nos três primeiros meses de 2021, mais de 40 vagas já tinham sido publicadas para profissionais de D&I.

“Essa diferença entre 2020 e 2021 se dá porque as empresas começaram o movimento de contratar profissionais especialistas em diversidade e inclusão a partir de maio de 2020, após a onda de protestos gerada pela morte de George Floyd. Neste momento, muitas empresas passaram a compreender o seu papel como agente de mudanças na sociedade”, avalia Guilherme Dias, cofundador da Gupy.

Dos funcionários da Hash, 20 fazem parte do comitê de diversidade, que trata de forma conjunta sobre todos os grupos subrepresentados. Foto: Paulo Vitale

Há uma semana, a fintech Hash contratou uma líder de diversidade e inclusão que vai passar a gerenciar todas as atividades e projetos que já vinham sendo realizados. Marcela Zaidem, head de pessoas da empresa, conta que o movimento de olhar mais profundamente para D&I ocorreu um ano atrás e percebeu-se que, sozinha, não era possível dar conta de toda a necessidade e demanda que o tema exige. Até chegar na contratação da especialista, houve um caminho de aprendizados e ações afirmativas.

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A primeira foi uma parceria com a PrograMaria a fim de aumentar o número de mulheres em tecnologia dentro da companhia, que passou de quatro para 12. Depois, buscaram a consultoria da Transcendemos para orientar estratégias no dia a dia. “Com esse trabalho, criamos um plano de ação e um comitê de diversidade que apoia, discute e pensa como garantir um ambiente seguro e inclusivo”, diz Marcela.

Outro passo que a Hash deu foi criar um programa de amadrinhamento para acolher mulheres que se candidatam às vagas, que permite a elas ter contato com profissionais da empresa.

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Com as ações mais solidificadas e em expansão, a fintech percebeu a demanda por uma liderança em diversidade e inclusão. “Como é muita ação, muito programa, muita estratégia, a gente precisava que alguém concentrasse tudo isso. Do ponto de vista do dia a dia, é muito importante (ter essa liderança). É muito diferente ter uma figura que está ali no dia a dia, com foco no tema, ouvindo, trabalhando, entendendo processos.”

Busca por mais diversidade

Além de buscarem um especialista para lidar com os temas de diversidade e inclusão, as empresas também têm destacado esse compromisso na oferta de vagas. Segundo a Gupy, das 60 mil posições publicadas mensalmente na plataforma, 10% destacam D&I como um diferencial da companhia.

Dessas, 56,13% mencionam a palavra “diversidade”, 28,76% afirmam ter um ambiente inclusivo, 10,42% dizem ter um ambiente diverso e inclusivo, enquanto 4,69% colocam que valorizam a diversidade no ambiente de trabalho.

Ao mesmo tempo, há uma busca por profissionais mais diversos. Entre janeiro e começo de junho, 10% do total das vagas foram destinadas a grupos minorizados, das quais 39% destinavam-se exclusivamente a pessoas negras e 37,5%, a integrantes da comunidade LGBTQIA+.

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