Escritório híbrido está entre tendências do trabalho para 2021

Especialistas do mercado de carreiras contam o que deve permanecer em alta no próximo ano; protagonismo do RH e cuidados com saúde mental estão entre apostas

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Por Letícia Ginak, Anna Barbosa e Marina Dayrell
5 min de leitura

No último ano, boa parte da força de trabalho foi empurrada às pressas para o home office. Colaboradores e gestores perderam a ida diária aos escritórios físicos e ganharam muitas videoconferências em troca. Com a divisão da rotina entre trabalho e vida doméstica no mesmo ambiente - a própria residência -, a saúde mental apitou mais alto.

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O departamento de recursos humanos das empresas, que já estava ganhando protagonismo natural ao ter que resolver os maiores entraves do ‘novo normal’ na vida corporativa, também teve que resolver mais esse problema, ao precisar remodelar benefícios e incluir cuidados com a saúde física e mental dos colaboradores. 

E como fica o próximo ano para a sua carreira, na perspectiva da segunda onda de covid-19? Conversamos com especialistas do mercado de trabalho para entender o que continua em alta e no que você precisa prestar atenção.

O home office e o escritório

O home office foi adotado por cerca de 46% das empresas brasileiras durante a pandemia, segundo a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise Covid-19, feita pela Fundação Instituto de Administração (FIA), no início do isolamento social, em abril.

“As empresas que acreditavam que o home office não funcionava, agora sabem que funciona”, ressalta o diretor-geral do LinkedIn para a América Latina, Milton Beck.

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Para os especialistas, a tendência é que, depois da vacina, haja uma incorporação dos dois modelos (presencial e digital), tornando cada vez mais comum o formato híbrido de trabalho. Para Beck, as empresas vão querer uma presença física ocasional.

Débora Brewer, vice-presidente para a América Latina e Caribe da Degreed (plataforma de aprimoramento e requalificação), acredita que o modelo também será mantido para os treinamentos e capacitações.

“O formato híbrido proporciona um modelo de aprendizagem mais democrático (com conteúdos externos e pessoas de diferentes localidades, por exemplo), além da redução de custos. No presencial, deve ocorrer apenas o que é extremamente importante.”

Bielo Pereira, palestrante e consultora em diversidade e inclusão corporativa. Foto: Divulgação

As empresas também precisarão se enquadrar nas recomendações do Ministério Público do Trabalho (MPT), que anunciou em outubro que irá intensificar a fiscalização das condições dos trabalhadores que permanecerão em home office. Entre elas estão a regulamentação do teletrabalho por contrato, o cuidado com a ergonomia e o apoio tecnológico. 

O olhar para a saúde mental

Os meses iniciais da pandemia - com as frustrações do isolamento, o aumento das jornadas de trabalho e o desgaste pelo excesso de videoconferências - direcionaram os olhos do mercado de trabalho para a saúde mental. Depois de um ano quase inteiro de home office, será preciso repensar o cuidado com os colaboradores para além de oferecer teleterapia, atividades laborais, meditação - embora esses itens ainda sejam cruciais. 

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Além de prosseguir com cuidados específicos para os funcionários, os especialistas acreditam que haverá o surgimento de novos cargos dentro da área de recursos humanos, totalmente voltados para saúde mental, como ocorreu na Ambev com a contratação de Mariana Holanda como diretora de Saúde Mental.

Habilidades comportamentais

Com um cenário ainda com muitas indefinições, o próximo ano não deve ser diferente de 2020 no quesito soft skills, em que estiveram em evidência habilidades comportamentais como empatia, capacidade de dar feedback e autogerenciamento. Tanto para as contratações quanto para se manter dentro da empresa, elas continuarão em alta, segundo os especialistas.

“As competências de adaptação, adaptabilidade, resiliência, inteligência emocional e foco na saúde mental são a chave para o ano de 2021”, diz a cofundadora da Escola Elas Carine Roos. 

Mercado de trabalho e vagas

O recrutamento digital e o trabalho remoto de 2020 devem levar para 2021 a possibilidade de contratar funcionários que morem em outras cidades, Estados ou até mesmo países. “Agora é mais fácil contratar remotamente, além de que países como os EUA apresentam salários mais competitivos”, aponta Lachlan de Crespigny, cofundador da Revelo, plataforma de seleção e recrutamento.

Uma tendência levantada pelo diretor geral do LinkedIn para América Latina, Milton Beck, é o recrutamento interno. “As empresas passam a olhar mais internamente para ver se os candidatos para as vagas não estão lá dentro”, destaca.

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Lachlan de Crespigny, cofundador da plataforma de seleção e recrutamentoRevelo. Foto: Daiane Rigo

Para a vice-presidente para a América Latina e Caribe da Degreed, Débora Brewer, se a empresa desenvolve uma base de dados sobre os colaboradores, junto à tecnologia, é possível fazer com que a mobilidade interna seja mais assertiva. 

A estruturação da diversidade e da inclusão 

Depois de um ano em que os holofotes se viraram para questões de inclusão, o próximo ano será voltado para a estruturação das áreas e das políticas de D&I nas empresas, envolvendo questões raciais, de gênero e de identidade sexual, com foco na comunidade LGBTIA+.

“Neste ano, muitas empresas quiseram aplicar a diversidade dentro do ambiente corporativo, sem saber como fazer. Em 2021, as perguntas que vão surgir serão: como isso funciona na efetividade? Como realmente aplicar a diversidade e a inclusão?”, aponta Bielo Pereira, palestrante e consultora em diversidade e inclusão corporativa.

Recursos humanos e tecnologia

Para a vice-presidente para a América Latina e Caribe da Degreed, Débora Brewer, o maior desafio do RH no ano de 2021 será como se manter na mesma posição de protagonismo conquistada em 2020. Se antes o RH funcionava como coadjuvante, neste ano foi um dos departamentos mais acionados pelos colaboradores.

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Segundo a empresa de recrutamento PageGroup, na lista das 30 profissões em alta para 2021, gerente de RH é a que tem o maior salário, de R$ 25 mil e R$ 45 mil, à frente de várias funções ligadas à tecnologia.

A tecnologia, aliás, é outro ponto destacado por Débora Brewer para o desenvolvimento do setor de RH. “O grande braço forte do RH na pandemia foi a tecnologia de informação, até mesmo em pontos simples como dar suporte e plataformas onde o operacional possa desenvolver seu trabalho”, aponta. Débora ainda acredita que a tecnologia será essencial na tomada de decisões baseada em dados.

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