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O forte apelo da carreira no setor público

Estabilidade e bons salários – em alguns casos – continuam atraindo brasileiros para concursos a fim de se tornar um servidor

Por Márcia Rodrigues
Atualização:

Depois de uma curta passagem pela iniciativa privada, o engenheiro Kaique Knothe, de 26 anos, resolveu abandonar o emprego e prestar um concurso público. Para isso, voltou a morar com os pais – a fim de não ter de pagar aluguel e, assim, reduzir as despesas mensais – e passou a se dedicar em período integral aos estudos.

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Sua meta era conquistar o disputado cargo de auditor da Receita Federal, que garante um salário médio inicial de R$ 15.700. Tanta dedicação – estudava de 10 horas a 12 horas por dia – lhe rendeu a primeira colocação no concurso realizado em maio de 2014. 

“Fiquei dez meses estudando em período integral em casa e no cursinho preparatório”, conta. Knothe assumiu o cargo em novembro do ano passado e hoje trabalha na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Kaíque Knothe de Andrade, auditor da receita federal, após obter primeiro lugar no concurso para o cargo no aeroporto de Guarulhos Foto: Sergio Castro/Estadão

Assim como Knothe, muitos profissionais migram para a carreira pública. O motivo é conhecido: estabilidade financeira e de emprego, já que não há demissões de servidores nos órgãos públicos – as exonerações seguem uma rígida legislação para serem autorizadas –, salário atrativo, o caso do engenheiro, que se somam a ganhos ao longo da carreira e a possibilidade de se aposentar com salário integral. Além de que, segundo especialistas, é raro um funcionário público fazer hora extra.

Para o coordenador dos cursos para concursos públicos da LFG, Nestor Távora, o crescimento escalonado dentro de um órgão público é outra vantagem do setor. 

“A pessoa assume a função sabendo que há um plano de carreira e consegue evoluir até chegar ao topo. Além disso, o desempenho salarial é superior ao da iniciativa privada”, afirma.

A valorização profissional foi o que levou o advogado Antonio Pereira Junior, de 33 anos, a se preparar para prestar o concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) este ano. “O salário e os benefícios são muito melhores do que os praticados na iniciativa privada e o reconhecimento profissional é muito maior, já que não há disputa interna e a ascensão dentro do órgão que você ingressou é praticamente certa”, alega.

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Pereira Junior está há 14 meses se dividindo entre a maratona de estudos e o trabalho em um escritório de advocacia para conseguir ter um bom resultado na prova. “Recentemente, participei da prova para agente da Polícia Federal para me preparar ainda mais para o concurso da PRF. É uma das dicas que as escolas preparatórias nos dão para acompanharmos a evolução de nossos estudos.”

Aos 50 anos. A engenheira Karin Elise Loescher, 50 anos, também optou por investir na carreira pública para voltar ao mercado de trabalho. “Não há muita opção de emprego na iniciativa privada para profissionais com 50 anos ou mais. Os cargos públicos garantem estabilidade e, também, qualidade de vida.”

Karin lembra que, quando trabalhava, ficava mais tempo do que desejava dentro da empresa. “Eu tinha pouco tempo para a minha família. Atualmente, percebi que quero trabalhar, mas também quero curtir o meu marido e o meu filho e acompanhar mais de perto o crescimento dele.”

A engenheira está se preparando há um ano para o concurso da Receita Federal. Para isso, vem se dedicando em tempo integral aos estudos. Pela manhã, participa de um curso presencial na Central dos Concursos e, à tarde, estuda em casa. 

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Boa causa. “Considero a maratona de estudos como um trabalho em tempo integral. Optei pelas aulas presenciais porque acho que meu desempenho é melhor com esta metodologia. Mas em casa estudo de segunda a segunda-feira. Sei que estou deixando minha família um pouco de lado neste momento, mas é por uma boa causa”, argumenta Karin.

Especialistas são unânimes ao dizer que a forma de se preparar para prestar um concurso varia de pessoa para pessoa. No entanto, também é consenso que a dedicação é fundamental para o bom resultado. 

“O candidato precisa treinar muito, responder muitos simulados e ler atentamente o edital para criar uma metodologia de estudo. O tempo de preparação vai depender da complexidade do edital e do perfil das questões”, diz Távora. Para o candidato saber se está ou não no caminho certo, a dica do coordenador da LFG é verificar o tempo em que ele está conseguindo concluir os testes e avaliar o resultado deles. 

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Focar os estudos em um único concurso também é a melhor forma de se obter um resultado satisfatório. “Os estudos precisam ser direcionados. Não dá para atirar para todos os lados”, afirma Távora.

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