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O que é mentoria? Veja tipos, custos e como escolher o mentor

Profissionais buscam serviço de mentoria para conseguir uma promoção, se recolocar no mercado de trabalho e se desenvolver na carreira; conheça dicas para acertar na escolha de um conselheiro

Por Marina Dayrell
Atualização:

Ser demitido e ficar perdido na hora de voltar para o mercado de trabalho. Querer chegar em um cargo mais alto na empresa, mas não saber como. Ou, até mesmo, desejar desenvolver uma nova habilidade profissional, como por exemplo se tornar um palestrante, e não ter ideia de por onde começar. Para tentar solucionar esses e muitos outros desafios, tornou-se comum nos últimos anos falar-se em mentoria.

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Em resumo, o processo nada mais é do que o mentorado - ou seja, o profissional que precisa de ajuda - buscar alguém que seja mais experiente, o mentor, para ajudá-lo a desenvolver a sua carreira. A ideia é que, ao passar suas experiências e o seu conhecimento para o mentorado, o mentor consiga ajudá-lo a acelerar o processo de aprendizado

“As pessoas me procuram para ouvir o que eu já vivi de experiência, o que eu tenho de conhecimento e posso contribuir através da minha vivência. Eu levo para eles cases reais de coisas que já aconteceram, mostro os lados positivo e negativo. É um processo em que aconselhamos, damos insights, trazemos perguntas e respostas e damos ideias, sempre usando a experiência pessoal”, explica Ligia Costa, que durante quase 20 anos foi executiva de multinacionais e hoje mentora profissionais de cargos executivos, diretoria e vice-presidência. 

A mentoria a longo prazo 

Antes de procurar um mentor é preciso entender que existem dois tipos de mentoria, aquelas desempenhadas por pessoas com quem temos algum tipo de vínculo e as que são uma prestação de serviço (e que podem ser gratuitas ou pagas). No primeiro caso, são mentores que costumam permanecer durante um longo período de tempo na vida do mentorado. Pode ser alguém com quem a pessoa já trabalhou, um ex-chefe, alguém que ela já conheça.

A mentora Ligia Costa (àdireita), com a mentorada Denise Marcondes (à esquerda) durante programa de mentoria. Foto: Mika Amato

Para convidar essa pessoa para ser o seu mentor, o primeiro passo é “ser interessante e não interesseiro”, aponta Jhenyffer Coutinho, mentora e criadora da Se Candidate, Mulher - plataforma que encoraja mulheres a se aplicarem para vagas de emprego e promoções. 

“Em vez de chegar e dizer ‘gostaria que você fosse meu mentor’, o melhor é ir pela estratégia. Se você vai convidar um amigo ou um ex-chefe, por exemplo, fale o que você aprendeu com ele, explica que, graças a esse aprendizado, hoje você faz tal coisa. E aí você pergunta ‘não podemos marcar um papo para eu te contar o que está acontecendo e você me trazer algumas opiniões?’”, explica.

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É importante ter em mente que esse não é um serviço, mas um relacionamento em que o mentor oferece aprendizado para que o mentorado não cometa os mesmos erros que ele, então o mentor precisa estar interessado em você e no que você está fazendo. 

“Nesse caso, não tem uma frequência fixa. Vocês podem bater um papo nem que seja de 15 minutos a cada 15 dias. O mentor não tem essa obrigação de entregar, é o mentorado que precisa dele para ter visão de futuro, nas horas disponíveis dele”, lembra Jhenyffer.

A abordagem varia de acordo com a formalidade da relação entre os futuros mentor e mentorado, podendo ser um convite por e-mail, WhatsApp, um encontro virtual ou um bate-papo no café. 

“O que normalmente acontece é que a pessoa que recebe o convite para ser mentora reage com um ‘Por que eu? Eu não sei o que é ser mentora’. As pessoas, no geral, não se sentem capacitadas para mentorar. Ou pensam que já têm as suas responsabilidades, o seu trabalho e ainda vão ter que mentorar? Por isso, muitas vezes, os profissionais acabam buscando mentores que não sejam da empresa em que trabalham”, aponta Ligia. 

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A mentoria profissional 

O outro tipo de mentoria é a profissional, própria para assuntos e demandas específicos ou até mesmo nos casos em que a pessoa ainda não tem uma rede de contatos bem desenvolvida para que possa convidar alguém para mentorá-la. 

Um exemplo clássico é após uma demissão, quando o profissional procura outras pessoas que já foram demitidas e se reinventaram no mercado de trabalho. “Geralmente, as pessoas têm vergonha, não querem falar com ninguém sobre a demissão, então vão atrás de profissionais que já passaram por isso para entender quais foram as etapas e os próximos passos”, conta Ligia. “Transição de carreira, ou quando o topo da liderança precisa fazer conversas difíceis ou escolher pessoas para demissão, mulheres que querem assumir posições de liderança, altos executivos que estão enfrentando momentos conturbados, todos são exemplos de pessoas que me procuram”, aponta. “Nos últimos meses, conduzi com a Ford encontros de conversa sobre esse momento todo que a gente está vivenciando essa semana”, finaliza.

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Como funciona uma mentoria na prática?

O formato varia de acordo com o mentor contratado e com a necessidade da mentoria. Na Thank God It’s Today (TGIT), consultoria criada pela Ligia, os encontros são mais informais, podendo ser uma reunião virtual, um almoço ou café ou até mesmo uma ligação. Antes da sessão - que dura em torno de 50 minutos -, ela envia ao mentorado um questionário com os objetivos daquele encontro, para que ele se estruture e ela possa ter pesquisas e dados em mãos.

“A pessoa tem que saber o porquê dela estar ali fazendo perguntas e eu preciso pesquisar. Às vezes, eu tenho um fato na minha cabeça, mas não necessariamente vou lembrar de prontidão, então vou atrás das informações antes para ser certeira”, explica. 

A mentora Lorena Valocci, cujas mentorias têm foco eminteligência emocionale propósito de carreira. Foto: Gabriela Camargo

“Diferente do coaching, que o papel é fazer perguntas para que a pessoa encontre uma solução adequada dentro da forma que ela funciona, na mentoria a pessoa vem com caderno e caneta e faz anotações de ideias, de brainstorming. É quase um role play [em português, encenação] em que vivemos a experiência para que depois ela coloque em prática”. Na TGIT, as mentorias podem ter entre um, três ou seis encontros. 

Já a mentora Lorena Valocci, que tem foco em mentorias de inteligência emocional e propósito de carreira, costuma fazer sessões semanais e que, no geral, totalizam cerca de cinco encontros. 

“Na primeira sessão eu mostro o modelo da mentoria, a pessoa fala o que ela está buscando, eu vejo se estou apta e começamos o processo. O foco da mentoria não está no tempo, mas sim no objetivo, em algo muito específico. Quando atingimos o objetivo, finalizamos o processo”, explica.

Quanto custa uma mentoria?

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Na Se Candidate, Mulher!, criada por Jhenyffer, as mentorias são gratuitas e acontecem em quatro encontros de duas horas cada, que se dividem entre os temas: carreira, autoconhecimento, currículo, LinkedIn e oratória. A cada mês são escolhidas cinco mulheres para o processo. 

No caso das mentorias pagas, segundo as especialistas consultadas, os valores podem começar em R$200 mensais, para a modalidade em grupo, e chegar até R$2.500 a hora para as sessões individuais. 

Como escolher o meu mentor?

O primeiro passo é entender o motivo pelo qual você quer um mentor. Qual o seu objetivo com a mentoria? Aonde você quer chegar e em que ele pode te ajudar? “É preciso ter o objetivo muito claro, contratar alguém só para dividir as ideias não vale”, explica Jhenyffer. 

Depois, é hora de checar a sua própria rede de contatos. Existe alguém, algum ex-chefe, um colega de trabalho, alguém que já conquistou o que você quer e com quem você possa conversar? Caso a resposta seja não, o próximo passo é procurar um serviço de mentoria, gratuito ou pago. 

“É muito importante ver as referências que o profissional tem. Como ele trabalha, qual o histórico dele, o feedback de quem já foi mentorado por essa pessoa. É preciso que essa experiência profissional dele faça sentido com o que você procura. Muitas vezes, a própria empresa tem um programa de mentoria, mas, caso não tenha, a pessoa pode procurar por conta própria”, destaca Lorena. 

Nesse processo de busca de um mentor, a admiração profissional não pode ficar de fora. “Procure um profissional reconhecido naquele tema, alguém que te inspira, te motiva, alguém que você quer ser quando crescer”, aponta Ligia. 

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Onde encontrar uma mentoria? 

Para te ajudar a encontrar um programa de mentoria, o Sua Carreira, com a ajuda das especialistas consultadas, reuniu algumas iniciativas - gratuitas e pagas - que oferecem mentorias de carreira para profissionais. 

Confira a lista com nove indicações de mentorias no Brasil:

Se candidate, Mulher!: mentoria gratuita com foco em profissionais mulheres.Revisores do Bem: mentoria gratuita de revisão de currículo, LinkedIn e Carta de Apresentação para profissionais que estejam procuram o primeiro emprego ou que estejam fora do mercado de trabalho e o último salário tenha sido abaixo de R$2 mil LGBT mentoring: mentorias gratuitas para profissionais LGBT que estejam empregados ou buscando uma oportunidade no mercado de trabalho.Nós por elas - Instituto Vasselo Goldoni: mentorias gratuitas de carreiras e negócios para mulheres.Sabiah: mentoria gratuita para público em geral.Cresça com o Google: mentorias gratuitas de carreira e empreendedorismo para público em geral.Thank God It’s Today: mentorias pagas para alta liderança - executivos, diretores e vice-presidentes.Mulheres no Comando: mentorias gratuitas em grupo ou individuais pagas para mulheres.Global Mentoring Group: mentorias pagas para variados tipos de profissionais.

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