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Para manter profissionais, empresas oferecem de ‘pet care’ a ‘auxílio fertilização’

Pandemia fez RHs flexibilizarem e personalizarem benefícios corporativos, de acordo com as necessidades de cada colaborador

Por Marina Aragão
Atualização:

Home office, mais refeições em casa, saúde mental e bem-estar fragilizados obrigaram as empresas a repensar os benefícios oferecidos para os seus funcionários. Para manter seus profissionais ou atrair novos talentos, as companhias passaram a ampliar os auxílios, que agora vão de pet care e convênios com academias, à “assistência para fertilização”. A tendência, que pode ter vindo para ficar, também prevê a personalização dos serviços, disponibilizados de acordo com a necessidade de cada funcionário.

“É preciso atender aquela pessoa como um indivíduo, para que os funcionários possam escolher aquilo que faça mais sentido”, explicou Mariana Dias, diretora de Produtos e Consultoria da Mercer Marsh Benefícios, empresa que presta assessoria na contratação e gerência de planos de assistência para funcionários. Nesse contexto, a pandemia apontou para uma reconfiguração do modelo da oferta de benefícios concedidos: 32% das organizações pretendem avaliar a implantação da modalidade de benefícios flexíveis nos próximos 6 ou 12 meses. Este cenário foi constatado na pesquisa on-line da Mercer Marsh, realizada em junho. Participaram do levantamento 324 organizações de diversos setores da economia.

Pandemia fez RHs flexibilizarem e personalizarem benefícios corporativos de acordo com as necessidades de cada colaborador. Foto: Divulgação/Alelo

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Em linha com esse movimento, a Alelo – empresa especializada em benefícios corporativos de alimentação, mobilidade, cultura, saúde, dentre outros – lançou a Alelo Tudo, plataforma com diversas funcionalidades reunidas, na tentativa de garantir a flexibilidade na gestão dos auxílios e que pode ser usada em mais de 700 mil estabelecimentos credenciados. “Vimos diferenças de comportamentos em todos os segmentos nos quais a Alelo trabalha, e somos meio que um termômetro”, disse o diretor de marketing da empresa, André Turquetto. Segundo ele, a pandemia serviu para atestar que os usuários estão cada vez “menos propensos à rigidez de formas e a um formato único de consumo de benefícios”.

Os usuários poderão utilizar a mesma plataforma para várias finalidades, inclusive ter parte do salário antecipada, pagar contas e acessar recursos digitais, como recarga de celular e aplicativos de streaming. A plataforma, que estava em testes desde fevereiro, chega ao mercado em uma versão mais completa. Segundo a companhia, a solução tem potencial para atender mais de 30 milhões de trabalhadores formais no Brasil, em empresas de todos os portes – estima-se um volume de transações superior a R$ 12 bilhões.

Para isso, a Alelo começará a fornecer esses serviços em uma plataforma da Cielo, e depois expandirá, uma vez que tem um projeto próprio de plataforma. A ferramenta também vai permitir o pagamento, com um único cartão, em restaurantes, supermercados, postos de gasolina, de diferentes tipos de transportes – desde os públicos tradicionais até aplicativos de táxi e locação de bicicleta – e o pagamento automático em pedágios e estacionamentos com o sistema parceiro Veloe. Também é possível adquirir ingressos em teatros, cinemas, shows, museus e exposições, além de ser aceito em livrarias e milhares de farmácias em todo o Brasil. Para a segunda semana de dezembro, está prevista a inserção de pagamentos com QR Code na plataforma.

O diretor de marketing da empresa destacou que o Alelo Tudo não é um produto fechado, mas uma plataforma em constante atualização. Segundo Turquetto, as empresas têm total flexibilidade para definir como irão compor e gerir os benefícios oferecidos na cartela do Alelo Tudo. 

Empresas apostam nas novidades

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Nas companhias, o esforço é tentar sair do formato habitual de benefícios - como assistência médica, plano odontológico, vale-transporte, vale-refeição, para todos com um formato único - e customizar sua cartela de benefícios.

Empresas se empenham para oferecer benefícios atrativos e construir uma boa imagem de marca empregadora. Foto: Foto: Stefan Stefancik / Unsplash

O Grupo Boticário, por exemplo, além de fornecer serviços de saúde ocupacional, como apoio psicológico, devido à pandemia, lançou recentemente o Benflex, uma plataforma de benefícios em que cada colaborador pode escolher quais quer ter. “Nós precisamos escutar nosso colaborador muito mais vezes. Com isso, podemos fazer essas alterações, deixá-los mais engajados, mais motivados e mais felizes ao trabalhar”, disse Sandro Bassili, vice-presidente de pessoas e assuntos institucionais do grupo. Segundo ele, o Benflex é um programa em constante atualização, uma vez que “as necessidades das pessoas mudam muito a cada ano”.

O Boticário conta com 12 mil funcionários no Brasil, dentre fábrica, varejo e revenda. Destes, 6 mil estavam elegíveis para o Benflex. Após o lançamento, 53% deles aderiram ao programa de flexibilização dos benefícios. Segundo o vice-presidente da área, essa era uma demanda que estava reprimida. “Isso vai dar oportunidade para incluir coisas que estão faltando, ter o feedback dos colaboradores”. Ele explicou que 2021 servirá como um ano teste.

Também tentando sair do óbvio, o LinkedIn oferece R$ 12 mil por ano para educação (em sistema de reembolso), R$ 4 mil por ano para bem-estar, pet sitter e babá. Mas, os mais diferentes dentre os benefícios são o “auxílio fertilização” e a assistência em caso de adoção. “Vemos os benefícios como uma maneira de ajudar nossos talentos a acharem o equilíbrio, já que cada um possui uma vida pessoal que não é totalmente separada da profissional. Um dos nossos valores é ‘relacionamentos importam’, o que se aplica também aos familiares e amigos”, diz o diretor de recursos humanos do LinkedIn no País, Alexandre Ullmann.

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O benefício para tentativa de fertilização está disponível no Brasil desde janeiro de 2019 para todos os funcionários em tempo integral da companhia, independente do gênero ou orientação sexual. A empresa fornece um valor reembolsável de R$ 22 mil por tentativa para até três tentativas de fertilização (isto é, R$ 66 mil). Dentre os itens cobertos pelo valor estão itens como o congelamento de óvulos, remédios para auxiliar na fertilização, exames, tratamentos e a inseminação artificial em si. A assistência também é válida para casos de adoção, desde que a criança adotada seja menor de 18 anos. Neste caso, alguns dos itens cobertos são, por exemplo, despesas com viagem, audiências e taxas de adoção.

Durante a pandemia, a companhia também tem oferecido serviço de suporte à saúde mental, medidas para ajudar as equipes a se manterem produtivas e a equilibrar as responsabilidades do trabalho e da família e um benefício adicional para compra de cadeira e mesa ergonômicas para o trabalho home office.

Com o valor da inclusão em pauta, a IBM Brasil tem o Programa de Assistência à pessoa Trans (PAT) – funcionários e dependentes têm subsídio de 75% na compra da terapia hormonal; procedimentos como mastectomia e histerectomia são cobertos pelo plano. “A IBM apoia todos os funcionários a serem quem são. Desde 2017, a terapia hormonal indicada às pessoas trans foi incluída na lista de medicamentos reembolsáveis pelo Vidalink”, escreve a empresa em sua conta oficial no Twitter. Licença maternidade de 6 meses e paternidade de 30 dias, programa de atendimento psicológico, financeiro e jurídico, saída mais cedo às sextas-feiras no verão e licença não-remunerada de até 3 anos também fazem parte da cartela de benefícios da empresa.

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