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Seu trabalho pode ser feito por um robô? Saiba como garantir emprego no futuro

Em 10 anos, é provável que seu emprego não exista mais, porém algumas profissões continuarão sendo essenciais para o mercado de trabalho; veja quais

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Por Redação
Atualização:

É estranho pensar que, em dez anos, cerca de 65% dos empregos serão em profissões que ainda não foram pensadas, de acordo com o Departamento do Trabalho. Na Austrália, há relatos segundo os quais até meio milhão de empregos existentes poderiam ser assumidos por robôs ou máquinas comandadas por inteligência artificial. Assim, com computadores mais inteligentes assumindo um maior número das ocupações atualmente desempenhadas pelas pessoas, resta-nos indagar que tipo de trabalho restará para os humanos.

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Seu trabalho pode ser feito por um robô? Praticamente qualquer trabalho que possa ser descrito como "processo" pode ser realizado por um computador, independentemente de tal computador estar num robô ou fora de vista. Se as máquinas inteligentes podem assumir muitos dos empregos de hoje, o que podemos fazer para garantir nossas perspectivas de trabalho no futuro?

Algumas funções sempre serão desempenhadas por pessoas. As razões para isso podem variar muito: econômicas, sociais, nostálgicas, ou simplesmente práticas. Se aproximadamente 65% das ocupações existentes daqui 10 anos ainda não foram inventadas, não podemos saber ao certo como serão esses empregos do futuro, embora os futuristas se mostrem à vontade para fazer previsões. Embora não saibamos o contorno definido desses trabalhos, ainda podemos elaborar um catálogo das habilidades gerais que serão valorizadas no mercado.

Em seu livro "Five Minds for the Future", o professor Howard Gardner, de Harvard, defende o cultivo de uma mente disciplinada - capaz de projetar sua atenção com a precisão de um laser e de alcançar a essência de uma questão, chegando à sua mais simples verdade. É importante levar essa clareza ao nível seguinte, combinando múltiplas ideias de modo a criar algo interessante e, talvez, útil. Isso é feito pela mente com poder de síntese e pela mente criativa.

Gardner também descreve a mente respeitosa que dá valor à diversidade entre as pessoas e busca maneiras positivas de interagir, superando assim o instinto de "nós contra eles" que ainda cria tanto conflito nos assuntos dos humanos.

Quem se vale dessa habilidade é a mente ética, que pensa no contexto mais amplo e em como as necessidades pessoais podem ser alinhadas com o bem maior da comunidade. Trata-se de habilidades para um mundo conectado globalmente.

O futuro será o palco de uma série de novas tecnologias para a criação e transmissão de conteúdo. Os trabalhadores mais procurados serão aqueles capazes de avaliar de maneira crítica esse conteúdo e encontrar formas de transmiti-lo com eficácia.

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As habilidades de comunicação sempre foram importantes, e continuarão a sê-lo. Saber como lidar com grandes conjuntos de dados também será uma habilidade útil: encontrar maneiras de interpretar os dados e convertê-los em informações úteis. Isso pode envolver a criação de novas abordagens interdisciplinares e talvez pouco convencionais para os desafios enfrentados.

Já filtramos todos os dias um dilúvio de informações. Nossos avós tiveram sorte; não precisavam lidar com tanto. As pessoas terão de se tornar ainda melhores na administração da carga cognitiva. Precisam ter a capacidade de raciocínio para filtrar o imenso fluxo e encontrar as melhores soluções para os problemas.

Quando há boas ferramentas de colaboração para as equipes de projetos virtuais, são poucos os limites para o que pode ser alcançado. Mais projetos serão realizados por equipes desse tipo porque a tecnologia necessária está melhorando a cada ano.

Isso permite que as pessoas certas - donas das habilidades certas pelas quais cobram o preço certo - se mantenham empregadas, independentemente de onde residam.

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As pessoas com o conjunto certo de habilidades para equipes virtuais serão bastante procuradas.

Falando em virtual, os arquitetos de procedimentos serão uma profissão muito valorizada. Trata-se de pessoas capazes de projetar ambientes e experiências virtuais para que as pessoas consigam produzir e, quem sabe, se divertir um pouco também. Foi isso o que fizeram as mentes por trás do Google, YouTube, Facebook, Amazon, Wikipédia, Twitter, eBay, LinkedIn, Pinterest, WordPress e MSN.

Tudo isso nos leva à pergunta: concretamente, quais são os empregos para os quais haverá demanda? Os especialistas em empregos preparam listas das profissões para as quais a demanda deve ser alta, com base nas tendências. Eis algumas das ocupações que aparecem em várias listas.

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Setor de TI: 

Analistas de segurança da informação, analistas de big data, especialistas em inteligência artificial e robótica, desenvolvedores de aplicativos para dispositivos móveis, administradores de bancos de dados, analistas de informações de mercado, designers de gamificação, analistas de negócios/sistemas e especialistas em ética.

Outras áreas:

Engenheiros de todo tipo, contadores, advogados, conselheiros financeiros, gestores de projetos,médicos especialistas, enfermeiras, farmacêuticos, fisioterapeutas, veterinários, psicólogos, gestores de serviços de saúde, professores, analistas de pesquisa de mercado, representantes de vendas e operários da construção civil (especialmente carpinteiros e peões de obra).

A abrangência dessas listas não é total. Por outro lado, entre as ocupações para as quais a demanda deve diminuir estão agricultores, carteiros, operadores de máquina de costura, telefonistas, secretárias e digitadores.

Para se posicionar de maneira favorável no mercado de trabalho do futuro, é necessário tornar-se alguém capaz de analisar problemas de maneiras pouco ortodoxas, enxergando perspectivas diferentes e encontrando soluções possíveis; ser um profissional multidisciplinar, de curiosidade insaciável, que saiba usar as ferramentas para criar modelos de ideias e criar protótipos.

Mesmo com uma mente aberta e alguns princípios a respeito de como as coisas devem ser feitas, é necessário ter uma consciência forte e ser capaz de atuar fora da própria zona de conforto para alcançar resultados positivos para todos os envolvidos. É bom ser conhecido pela integridade e resiliência.

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Todas essas qualidades podem ser cultivadas ou até redescobertas, já que as crianças muitas vezes as demonstram em abundância. São características que sempre ajudaram os profissionais mais criativos a chegar ao sucesso, e isso vale para o momento atual e para o futuro.

No admirável mundo novo da era das máquinas inteligentes, são essas qualidades essencialmente humanas que se tornarão mais importantes do que nunca. Algumas coisas não mudarão porque a natureza humana é o que é.

*David Tuffley é professor de ética aplicada e estudos técnico-sociais da Universidade Griffith

(Tradução de Augusto Calil)

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