Tecnologia oferece trabalho da produção do conteúdo à programação

Agenciadora de ‘influencers’ e redatora de experiência do usuário são exemplos de carreira; falta de formação superior leva profissionais a buscar estudo de forma autodidata

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Por Mariana Hallal e Érika Motoda
5 min de leitura

Com Facebook, Instagram, Youtube e agora Tik Tok, os criadores de conteúdo adquiriram bastante relevância entre o público e as marcas. Por trás dos influenciadores digitais, existe uma cadeia que engloba mentores como a Egnalda Côrtes, fundadora do que considera a primeira agência de criadores de conteúdo negros da América Latina. Ela tinha uma carreira em vendas, e a sua guinada na carreira se deu especialmente para dar suporte ao filho, Pedro Henrique, de 18 anos. 

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Tudo começou quando Pedro, aos 11 anos, passou a postar vídeos no YouTube. “E estourou aos 13”, contou. Foi nessa época em que o menino começou a fazer um quadro sobre heróis negros, inspirado pela peça O Topo da Montanha, com Lázaro Ramos e Taís Araújo. Sete meses depois, ele decidiu que “não queria mais ser ativista, e sim influencer.” 

A mãe explicou que ele poderia continuar com a trabalho de conscientização racial e ganhar dinheiro com isso, mas Pedro Henrique achava a ideia impossível porque não enxergava ninguém com esse conteúdo no mercado.

“Ele me disse ‘mamãe, nenhuma agência trabalha com gente como nós (negros)’. Nesse momento nasceu a Agência Côrtes. Surgiu da necessidade de fazer com que meu filho não duvidasse do que ele poderia ter.”

Egnalda, que gerencia a carreira de influenciadores como Gabi Oliveira (@gabidepretas no Instagram), dá dicas para quem quer seguir na área. “É importante você ter conhecimento técnico sobre o que está falando para virar uma autoridade no assunto e construir sua marca”, diz. 

Outro ponto é a valorização do trabalho de influenciador, especialmente na hora de fechar contratos de publicidade com empresas. “Quando você aceita uma proposta indecente, você está passando a mensagem de que todo mundo pode ser sucateado”.

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Daniel Laurentino é formado em Design, mas trabalha com programação de aplicativo de uma fintech de crédito Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Programação e design

Formado em Design, mas um grande entusiasta da linguagem de programação desde a adolescência, Daniel Laurentino, de 28 anos, é engenheiro de software em uma fintech de crédito. Se tivesse que escolher uma graduação hoje, ele escolheria Ciência da Computação, mas não se arrepende de ter cursado Design por um bom motivo. 

“Adquiri muitos conhecimentos que são muito úteis para programação. Cada vez mais, as empresas querem programadores que tenham pelo menos alguma noção de design, porque hoje em dia existem muitos produtos iguais, então o cliente escolhe o que tem a melhor experiência. Por ter esse pano de fundo, muitas vezes consegui ter um olho mais clínico para entregar os layouts.” 

Para migrar de área, Daniel teve que estudar por fora. “No começo, tinha medo de não ter a base teórica que meus amigos tinham na faculdade, mas eles me falavam que não era para eu me sentir daquela forma, porque eu pegaria a base com o tempo. Mas ainda acho interessante ter essa base na faculdade, por isso acho que eu faria outro curso. Consegui pegar a base, mas tive que correr muito atrás.”

UX ou user experience

Camila Gaidarji, de 25 anos, está cursando o último semestre de Comunicação Organizacional e quer pegar o diploma por questão de segurança. “Mas, para a minha área, a graduação não é super essencial porque não é o que eu faço.” Ela é redatora de UX (user experience ou experiência do usuário). Ou seja, se é possível saber com facilidade onde clicar em um site quando se quer finalizar uma compra, por exemplo, é porque há várias “Camilas” por trás. 

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Camila Gaidarji cursa o último semestre de Comunicação Organizacional, mas trabalha com redação especializada em User Experience Foto: Camila Gaidarji/ Arquivo Pessoal

“Quando comecei a pensar em sair da redação publicitária, eu realmente pensei em ir para UX, porque via que esse mercado estava crescendo e comecei a estudar”, diz. “Demanda muita vontade, porque é uma área nova e não há uma graduação específica para isso. Procurei no Google, li muitos textos, a maioria em inglês, porque é um mercado novo ainda no País, procurei cursos (online) que ofereciam o primeiro módulo de graça. Foi realmente muito garimpo.” 

Ela conta que, como não tinha portfólio, resolveu reformular o seu perfil no LinkedIn para demonstrar que tinha o conhecimento necessário para ingressar no segmento. “Mesmo não sendo da área, todo conteúdo que a gente carrega, de alguma forma, serve como bagagem para somar na nova área.” 

Ciência de Dados

A carioca Jéssica Souza, de 26 anos, é formada em Engenharia Elétrica e Eletrônica. Quando ingressou no curso, não sabia da possibilidade de construir uma carreira na área da tecnologia e pretendia trabalhar com energia renovável. Foi ao longo da faculdade que descobriu a robótica e a computação - e se apaixonou.

Jéssica Souza é formada em Engenharia Elétrica e Eletrônica, mas trabalha como cientista de Dados Foto: Wilton Junior/ Estadão

Hoje, ela atua como cientista de dados e precisou complementar a formação para se manter no mercado. “A base matemática eu adquiri na faculdade, mas os conceitos de tecnologia e ciência de dados eu aprendi com cursos online, treinamentos, palestras e manuais. A faculdade não deixa ninguém pronto.” Ela também participa de eventos da área para ficar por dentro das tendências e criar uma rede de contatos profissionais.

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Se não fossem as oportunidades oferecidas pela tecnologia, a engenheira acredita que teria mais dificuldade para ingressar no mercado de trabalho. Com dois anos de formada e muita persistência — ela conta que fez dez entrevistas até conseguir o primeiro emprego —, Jéssica já passou por três empresas, sempre conquistando um espaço melhor.

“O mercado de engenharia tradicional é muito fechado. São poucas empresas com poucas vagas. Já o de tecnologia está super aquecido. Se o profissional trabalha bem, consegue se posicionar bem no mercado”.

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