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Viagens de incentivo a funcionários ajudam empresas a reter talentos

Estratégia se torna importante benefício dentro das organizações;  especialistas dizem que esse tipo de iniciativa pode ter até mais impacto que o bônus em dinheiro

Por Bianca Zanatta
Atualização:

O desejo de viajar dos brasileiros sempre foi grande – e as restrições impostas pela pandemia só aumentaram essa vontade. De acordo com pesquisa do site Booking.com, 63% dos brasileiros afirmam que viajar tornou-se mais importante agora do que antes da crise sanitária.

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Atentas a esse movimento, algumas empresas passaram a incluir viagens de incentivo aos colaboradores no pacote de benefícios, seja por meio de créditos, para que escolham o próprio destino de lazer, ou com pacotes para premiar por metas e resultados.

Um exemplo é a Arcos Dorados, operadora de franquias do McDonald’s, que a cada dois anos premia os melhores gerentes da rede com uma viagem a Orlando para participar da convenção mundial com o presidente da empresa e fazer um tour pelos parques da Disney. A iniciativa premiou seis gerentes brasileiros de diferentes regiões do Brasil este ano – e todos tiveram direito a levar acompanhante na viagem, 100% custeada pela empresa, além de receberem uma bonificação em dinheiro.

O diretor de gente, diversidade e inclusão da divisão Brasil, Fábio Sant’Anna, explica que o prêmio tem critérios rígidos de avaliação, passando pela consistência da performance do funcionário ao longo da carreira, excelência operacional, atuação no desenvolvimento e gestão de pessoas e contribuição para o crescimento do negócio.

Funcionários da Grão de Gente ganharamviagem para Porto Seguro em sorteio da empresa. Foto: Nelson Honório

“O prêmio é um marco na carreira dos funcionários e percebemos um engajamento muito grande deles, não só durante a premiação, mas durante todo o ano”, afirma Sant’Anna. Segundo ele, o prêmio vira um sonho, uma meta que os motiva a trabalhar com mais dedicação para que estejam entre os melhores. “Isso impacta desde a cultura da companhia até os resultados do negócio. E um aspecto que nos deixa orgulhosos é o fato de que, entre os seis vencedores brasileiros deste ano, quatro tiveram no McDonald’s a primeira experiência formal no mercado de trabalho, se desenvolveram na empresa e agora alcançaram essa conquista.”

Uma das escolhidas dessa edição, Natalia dos Santos, gerente de um McDonald’s localizado na Praça Panamericana, em São Paulo, conta que foi surpreendida com a notícia de que estava entre os melhores da rede. “Esse dia foi fantástico, eu não esperava que seria uma das premiadas.” Os líderes da empresa reuniram toda a minha equipe e fizeram o anúncio. “Passou um filme na minha cabeça de tudo que eu já fiz e aprendi, fiquei nas nuvens.”

Quem fez as malas para acompanhá-la até a Flórida foi a filha Luisa, de 9 anos. “É uma sensação incrível de pertencimento, reconhecimento e, acima de tudo, de muita gratidão”, diz a gerente, comparando o sentimento ao de ganhar um Oscar. “Tivemos um período muito difícil devido à pandemia e eu soube ser resiliente e manter a alta qualidade de atendimento aos clientes, sempre tomando todos os cuidados que o momento exigia”, acrescenta.

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Retenção de talentos

No caso da Grão de Gente, e-commerce de produtos para a primeira infância, as viagens de incentivo vieram como premiação na festa de fim de ano. Foram sorteados três pacotes para Porto Seguro, com direito a acompanhante, para que as pessoas pudessem viver uma experiência nova e sair da rotina, afirmou a chefe de parcerias estratégicas e responsabilidade social da empresa, Luciana Ferro.

“A viagem foi um prêmio que agregou demais. Muito mais que um presente físico, proporcionamos vivência, momentos inesquecíveis com pessoas queridas e lembranças para a vida toda”, diz ela.

Já o Minha Quitandinha, startup de minimercados autônomos de Balneário Camboriú, optou por presentear todos os funcionários que completam um ano de casa com ingressos para o Beto Carrero World, também em Santa Catarina. O diretor de expansão da empresa, Douglas Pena, fala que a ideia surgiu como um gesto de retribuição pelo engajamento de um colaborador em seu primeiro ano na empresa. Depois eles perceberam o quanto os outros colaboradores ficaram empolgados com a iniciativa, criando mais sinergia na equipe. A partir daí, o benefício se estendeu a todos.

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Para ele, no entanto, o gesto é apenas uma peça da engrenagem que fideliza o time. “Isso faz parte de todo um processo. Acredito que nenhuma ação isolada vai reter seu colaborador. Ações como essa somente reforçam e deixam mais claras nossas intenções de gerar um ambiente saudável.”

Copa no Catar

Especializada em consórcios de caminhões da Mercedes-Benz, a Mercabenco oferece viagens de incentivo desde 2011 para grupos que reúnem colaboradores e clientes. De acordo com Cezar João Augusto, diretor estatutário da empresa, a ideia é ir além da comissão para que as equipes de vendedores superem metas e resultados.

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Este ano, por exemplo, a Mercabenco vai levar um grupo de 100 pessoas, entre clientes, vendedores e gerentes, a Punta Del Este, no Uruguai. “Tudo é bancado pela empresa e tem todo um programa, com direito a voo exclusivo fretado, hotel cinco estrelas, visita a vinícolas e jantares”, afirma o executivo.

Ele revela ainda que haverá uma campanha com metas mais ousadas no final do ano: os vencedores vão para a Copa do Mundo de 2022 no Catar, com direito a hospedagem no City Centre Rotana, em Doha, e experiências como ficar em um centro de hospitalidade cheio de comes e bebes no próprio estádio, no dia do jogo.

“Quando falamos em viagens de incentivo sempre devemos pensar em experiências extremamente personalizadas e assertivas, que trazem ao viajante uma experiência única, inesquecível, que o dinheiro não pode comprar”, observa Luis Abrahão, diretor da Top Service, empresa que organiza as viagens da Mercabenco. Ele afirma que outras 30 empresas de segmentos variados, como farmacêutico, varejo, automotivo, cosmético e financeiro, já estão planejando levar colaboradores para o Catar na Copa.

Liberdade de escolha

O fundador e diretor de operações da Adaction, Bruno Niro, apostou em outra forma de oferecer o benefício aos colaboradores. Ele contratou a plataforma Férias & Co., onde os membros do time têm acesso a um crédito em pontos para utilizar em viagens a lazer com a família e amigos. A empresa tem uma coparticipação mensalmente com uma fatia desses créditos, incentivando as pessoas a reservar passagens aéreas e hospedagens em qualquer lugar do Brasil ou do mundo com até 100% de economia, dependendo da escolha.

“A plataforma materializou um dos nossos planos na empresa, que é criar oportunidades e trazer benefícios aos nossos colaboradores que não fossem apenas enriquecê-los monetariamente, mas também culturalmente”, diz o executivo. Segundo ele, o colaborador já recebe pontos apenas por aderir ao plano, sem investir nada. “O mais legal é que apenas com esses pontos que a empresa custeia ele já consegue fazer uma viagem super bacana. Ele pode também optar por criar um plano de investimento mensal e juntar com os pontos que já ganha da Adaction para programar uma viagem mais ‘premium’”, exemplifica o executivo.

“Tivemos uma adesão de 92% dos colaboradores. E isso não impactou apenas no índice de satisfação da empresa. O benefício também tem ajudado no recrutamento e seleção”, comemora.

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Para Bruno Carone, cofundador da startup Férias & Co., a solução é uma forma de dar ao colaborador um incentivo para viajar comflexibilidade de escolher onde, como, quando e por quanto tempo. “Os pacotes fechados de premiação nem sempre batem com o gosto colaborador.” A empresa pode reconhecer o funcionário com a quantidade de créditos que quiser. A maioria coloca crédito a partir de R$ 100 mensais, e os colaboradores podem complementar.

“Em tempos de escassez de mão de obra capacitada, moeda menos valorizada e anywhere office, essa é uma ferramenta de retenção de talentos poderosa no pacote de benefícios. Tem mais impacto até do que bônus.” 

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