Publicidade

Presidente do Banco Central não acredita que haverá guerra comercial

"Estamos num mundo onde muita coisa começa ruidosa e não acaba com o ruído que inicia", afirmou Ilan Goldfajn

Por Ricardo Leopoldo
Atualização:

WASHINGTON-  O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que não acredita que haverá guerra comercial resultante das tensões entre EUA e China sobre o tema. "É cedo para fazer ilações", disse. "Estamos num mundo onde muita coisa começa ruidosa e não acaba com o ruído que inicia. Precisamos aguardar para ver como ficam disputas comerciais. Alguma negociação vai ter, as coisas vão se assentar, mas há risco de que isso não ocorra."

+ Senado aprova projeto de lei sobre cooperação entre BC e Cade

Segundo Ilan,Brasil está preparado para enfrentar um processo forte de incertezas nos mercados internacionais Foto: Adriano Machado/Reuters - 3/4/2018

PUBLICIDADE

Na avaliação do presidente do Banco Central, numa conjuntura com disputas comerciais e que pode afetar crescimento global, tal fato afeta todos os países e nenhum vai se beneficiar destas disputas. "Para o Brasil, a melhor conclusão é chegar um acordo e economia mundial segue adiante." 

+ Autonomia do Banco Central deve ter novo projeto na Câmara

Permanência. Sobre sua permanência no cargo, Ilan afirmou que sua contribuição no BC é mais efetiva quando se mantém o mais neutro possível em relação a questões partidárias e políticas. Ele fez o comentário ao ser questionado pelo Estadão/Broadcast se permaneceria no cargo, caso o próximo presidente da República o convide para continuar no posto a partir do início de 2019.

O pré-candidato a presidente pelo PSL, deputado federal Jair Bolsonaro, afirmou que não teria problemas em manter Ilan na posição, inclusive porque Paulo Guedes, seu futuro ministro da Fazenda caso seja eleito, gosta dele.

"O Banco Central tem que trabalhar com qualquer cenário, com qualquer partido. O Banco Central tem que ter o seu papel neutro para ajudar a economia no momento de transição." 

Publicidade

Câmbio. Ilan ainda afirmou que "o papel do BC é dar tranquilidade, evitar volatilidade além da conta, excessiva, sem ligação com fundamentos", ao referir-se sobre o câmbio. Ele comentou na quinta-feira, 19, em entrevista à TV Bloomberg que a autoridade monetária tem instrumentos para atuar em relação a este preço relativo, caso seja necessário, num contexto de variação excessiva da cotação da moeda brasileira frente à divisa americana.+ Quase 80% das operações de crédito no Brasil estão nas mãos de quatro bancos

"Temos um cenário básico de que economia está se recuperando e inflação caindo. O cenário internacional ainda é benigno", destacou. "Mas aparece alguma volatilidade incipiente no mercado financeiro, que começou com o temor de alta da inflação nos EUA e depois veio com disputas comerciais", apontou, referindo-se a tensões envolvendo os governos de Washington e Pequim sobre aquele tema.

Segundo o presidente do BC, o Brasil está preparado para enfrentar um processo mais forte de incertezas nos mercados internacionais, pois o País tem muitos "amortecedores" para conter volatilidade de ativos financeiros. "Estamos bem, temos reservas elevadas, swaps cambiais baixos e pequeno déficit de contas correntes", destacou. "Temos também no nosso sistema de metas de inflação espaço, pois a inflação está abaixo da meta", apontou.+ Senado aprova indicação de Carolina Barros para diretoria do Banco Central

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"Temos um sistema financeiro robusto, capitalizado e resiliente", disse Goldfajn, acrescentando que o papel do BC é dar tranquilidade, evitar volatilidade além da conta, excessiva, sem ligação com fundamentos da economia. "Temos um seguro adquirido há alguns anos que são reservas elevadas e swaps menores."

Ao ser perguntado sobre como o atual patamar de câmbio é analisado pela gestão da política monetária no Brasil, Ilan Goldfajn destacou que é uma variável importante como outras que são consideradas nas previsões do BC. "Nas nossas projeções, estão vários fatores, como energia elétrica, petróleo, alimentos. O câmbio também é um preço que a gente olha e avalia a mudança ao longo do tempo. Agimos com o câmbio se ele afeta os preços da economia." Ele fez as afirmações em entrevista coletiva para jornalistas em meio aos eventos oficiais que participa na reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.