RIO - O conselho de administração da Petrobrás aprovou na noite desta terça-feira, 11, a abertura de capital da sua subsidiária BR Distribuidora por meio de uma oferta pública secundária de ações – quando são ofertadas ações já existentes. A decisão é uma alternativa ao projeto de vender o controle da empresa a um sócio e está em estudo na companhia há pelo menos dois meses, conforme antecipado em maio pelo ‘Estadão/Broadcast’.
A Petrobrás informou que, no processo de abertura de seu capital, a subsidiária de distribuição de combustíveis pretende aderir ao segmento especial do mercado de ações da B3 (antiga BM&FBovespa), denominado Novo Mercado.
“Todos os atos necessários para realização da oferta estarão sujeitos à aprovação dos órgãos internos da Petrobrás e da BR, bem como à análise e à aprovação dos respectivos entes reguladores, nos termos da legislação aplicável”, disse a Petrobrás em nota à imprensa.
O presidente da estatal, Pedro Parente, afirmou, em junho, que a empresa estava aprofundando a opção de abertura de capital da BR em meio a condições favoráveis. “Observamos histórico recente de IPOs (sigla em inglês para oferta inicial de ações) e decidimos realizar estudos”, afirmou à época.
Gestão compartilhada. A pretensão anterior da petroleira era obter uma gestão compartilhada da empresa de distribuição de combustíveis, no qual seria majoritária no capital total, mas teria fatia de 49% no capital votante.
A venda já estava sendo negociado com potenciais compradores, mas as conversas foram interrompidas após o Tribunal de Contas da União (TCU) exigir que a Petrobrás revisasse seu programa de venda de ativos e de formação de parcerias.
Um dos pontos que pesaram a favor da abertura de capital foi que com o lançamento de ações em bolsa, a estatal manterá o poder de decidir os rumos da BR, ao contrário do que aconteceria com a alienação do controle.
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A declaração de Parente foi recebida com otimismo por especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast no mês passado. Para analistas da corretora Coinvalores, o IPO tende a gerar capital e ajudar no processo de desalavancagem (indicador que mede a relação entre a dívida e o patrimônio da companhia) da Petrobrás, além de trazer perspectiva de melhorar gestão da BR.
Desvantagem. Analistas do UBS trouxeram uma visão diferente, tendo indicado em relatório que a melhor saída seria a Petrobrás contar com um parceiro privado no controle da BR. “A desvantagem (do novo modelo de negócios da BR) seria não ter mais um parceiro privado no controle, e sim acionistas minoritários dispersos, o que pode implicar potencial futura interferência do governo”, diz o documento também divulgado no mês passado após a declaração de Parente.
No anúncio de ontem, a Petrobrás informou ainda que o comunicado sobre a abertura de capital não deve ser considerada como anúncio de oferta. “A realização dependerá de condições favoráveis dos mercados de capitais nacional e internacional”, diz a nota. / COLABORARAM FERNANDA NUNES E KARIN SATO