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Bastidores do mundo dos negócios

Ânima e Laureate esperam benção do Cade em abril, sem restrições à união

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Por Luisa Laval e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:
Campus da Anhembi Morumbi, um dos ativos da Laureate / Foto: Ana Ottoni/The New York Times

O grupo Ânima Educação espera receber o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a conclusão da compra dos ativos da norte-americana Laureate no País em meados de abril, apurou o Estadão/Broadcast. A expectativa, de acordo com fontes, que falaram na condição de anonimato, é de que a bênção por parte do órgão antitruste seja concedida sem a exigência de 'remédios', abrindo, assim, o caminho para a fase da integração dos negócios, após acirrada disputa no mercado de educação local.

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A aquisição dos ativos da Laureate pela Ânima por R$ 4,4 bilhões criou um grupo de 338 mil alunos e a posiciona como a terceira maior empresa de educação no País listada em bolsa, atrás de Cogna e Yduqs. Anunciada em novembro do ano passado, a transação foi acertada após um verdadeiro ringue formado entre a Ânima e a Ser Educacional, que chegou a fechar acordo de compra com a Laureate, mas perdeu o jogo após a rival fazer uma oferta R$ 500 milhões superior à sua, além de oferecer um bônus, o chamado earn-out, de R$ 200 milhões relacionado a métricas financeiras. A disputa se encerrou com um acordo entre Ânima, Laureate e Ser.

Após vencer a batalha, a empresa paulista sinalizou que esperava o aval do Cade em até quatro meses. Esse prazo se esgota agora em março e a expectativa, de acordo com fontes, é de que o órgão antitruste se posicione no início de abril.

Além disso, a Ânima também indicou que o desenho da operação com a Laureate tornava mais simples a aprovação por parte do órgão de proteção à concorrência. Isso porque já na largada previa a venda da faculdade FMU, que pertence à Laureate, ao fundo norte-americano Farallon por R$ 500 milhões. O negócio foi atrelado à aprovação daquele entre Ânima e Laureate.

Essa continua sendo a torcida das companhias, que não esperam que o Cade imponha restrições, os temidos 'remédios', à operação, de acordo com fontes próximas. "Foi uma operação bastante inovadora. Em seu desenho, imaginava-se que existia uma boa chance de o Cade exigir remédios por conta da concentração dos grupos em São Paulo e, por isso, a venda da FMU já foi pré-estabelecida", explica uma delas, que prefere não ter seu nome revelado. "Não são esperados outros remédios", acrescenta.

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Fontes ponderam, contudo, que o prazo para conclusão do processo no órgão de defesa depende de como a Ânima vai preparar sua argumentação e de como o Cade vai olhar para o negócio, um dos maiores já anunciados no segmento.

Outras vendas

Como tinha assinado o acordo de compra das operações brasileiras da Laureate antes da Ânima, a Ser obteve preferências na compra de parte dos ativos da empresa norte-americana. Assim, a companhia nordestina optou por exercer a opção de compra da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), do Centro Universitário dos Guararapes (UniFG) e do CEDEPE Business School, estes dois localizados em Pernambuco, por R$ 180 milhões.

No entanto, não arrematou tudo. A empresa não adquiriu, por exemplo, o Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e o Centro Universitário Fadergs, ambos no Rio Grande do Sul, e o IBMR, no Rio de Janeiro. Ainda assim, a Ser tem direito de preferência por até 30 dias após a aprovação da operação entre Ânima e Laureate do Cade, caso alguma empresa faça proposta por esses ativos.

Enquanto aguardam o aval do Cade, executivos da Ânima buscam compradores para os ativos de menor compatibilidade com a empresa, diz outra fonte. Algumas unidades educacionais, porém, podem ser mantidas, como a UniRitter, por exemplo.

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Além da venda de ativos, a Ânima também levantou recursos no mercado para ajudar a pagar o ativo. Na sequência da compra, emplacou uma oferta secundária de ações (follow on) de mais de R$ 900 milhões para financiar parte do negócio.

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A captação ficou abaixo das projeções do americano Citi, que apontavam para uma cifra de até R$ 2,2 bilhões. Ao buscar menos dinheiro no mercado, a Ânima sinalizou "confiança na entrega das sinergias com os ativos da Laureate". "Também mostra uma confiança que a empresa pode ter sucesso no desinvestimento de ativos (a Ânima tem cláusulas que podem gerar a venda de até cinco marcas para a Ser)", avaliaram os analistas Leandro Bastos e Tobias Stingelin em relatório publicado à época.

Procurada pelo Estadão/Broadcast, a Ânima afirmou que não daria nenhuma informação sobre o processo. "Os ativos em questão fazem parte da transação da Ânima Educação com a Laureate, que está sujeita à aprovação pelo Cade, no qual o processo segue tramitando regularmente. Antes disso não há nenhuma informação a ser dada", diz, em nota.

A Ser Educacional aponta que, após o anúncio do acordo com a Ânima em outubro, realizou as aquisições da Unesc, Beduka e Unifasb, "e segue com sua estratégia ativa de novas aquisições".

A Laureate Brasil afirma que, como assinou um acordo definitivo com a Anima que envolve a transação de todos os seus ativos no Brasil, não há nenhuma negociação paralela com outro grupo educacional.

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O Cade não comentou até a publicação desta reportagem.

 

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 15/03/2021, às 16:28:48 .

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