
03 de julho de 2020 | 09h00
Aéreas, CVC, Embraer, Cia Hering e Cogna. A lista das empresas do Ibovespa que mais perderam valor de mercado no primeiro semestre mostra o choque da covid-19 sobre setores da economia que, guardadas as diferenças, são movidos a contato social - o maior difusor da doença. A quase unanimidade de que os hábitos não serão os mesmos quando a pandemia passar leva o mercado a calcular quanto dos valores perdidos vai efetivamente retornar. Curiosamente, porém, a maior queda é a do ressegurador IRB Brasil, pouco ou nada afetado pela pandemia em termos operacionais.
"O IRB teve um problema estrutural, de desconfiança. Agora, tem de se reestruturar", diz Leonardo Hojaij, diretor do Andbank Brasil. O efeito da pandemia sobre as operações do ressegurador é mínimo, mas na Bolsa, menos gente quis pagar para ver o que aconteceria com o IRB no pico do estresse do mercado. Resultado: 72% do valor de Bolsa da empresa desapareceu em seis meses.
Para outros nomes, porém, a queda é reflexo direto do efeito da pandemia no dia-a-dia das empresas. Caso da Azul, que viu evaporar 65% do valor e, em dado momento, 90% da demanda. Assim como a Gol, a aérea chegou a 2020 nas carteiras de quem queria aproveitar uma esperada retomada da economia. Em questão de semanas, o mundo era outro. "A recuperação deve ser bem morosa, e o turismo já olha para 2021", diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
Se a necessidade de contato social é o que une as empresas que mais caíram, a vacina é a esperança comum a todas. "As aulas devem voltar em São Paulo em setembro, por exemplo. Mas será que, em setembro, todo mundo vai estar disposto a se expor a uma sala de aula?", diz Hojaij.
Um exemplo de que só reabrir não é a solução está no setor de shoppings. Pesquisa da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop) e da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), publicada pelo Estadão no último sábado, 27, mostra que o faturamento de quem abriu as portas na cidade de São Paulo está entre 15% e 20% do que se via há um ano.
"Não há uma predisposição dos consumidores em ir às lojas", afirma Hojaij. É o que coloca em lados opostos do índice a B2W, que quase dobrou de valor com a pandemia, e a Cia Hering, ainda muito dependente do varejo físico, e que perdeu 58% do valor em seis meses.
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