22 de julho de 2020 | 17h40
Em meio à cobrança global para que o Brasil aumente seu comprometimento em relação aos temas ligados à mudança climática, os três maiores bancos privados do País, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, lançaram um plano conjunto para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A proposta inclui dez medidas, entre elas o estímulo às cadeias sustentáveis na região e a viabilização de investimentos em infraestrutura básica para o desenvolvimento social e ambiental. O cronograma prevê a implementação dos itens ainda neste ano.
Os três bancos estavam entre os signatários de carta enviada ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que pediu, no início do mês, políticas de combate ao desmatamento na Amazônia. Mourão é o presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal. O documento fez defesa da agenda do desenvolvimento sustentável e solicitou o combate "inflexível e abrangente" ao desmatamento ilegal na Amazônia. Agora, depois da cobrança, com o plano anunciado nesta quarta-feira, os bancos têm a intenção de entregar uma forma de ajuda efetiva em relação ao assunto, segundo uma fonte.
Para dar prosseguimento ao planejamento, os bancos formarão um conselho de especialistas com diferentes experiências e conhecimentos sobre as questões sociais e ambientais envolvendo a Amazônia. "Este projeto une Bradesco, Itaú e Santander pelo propósito de contribuir para um mundo melhor. A ideia é que todos precisam assumir sua parcela de compromisso com as futuras gerações. Por isso, lançamos uma agenda objetiva que pretende defender e valorizar a Amazônia, suas riquezas naturais, florestas, rios e cultura diversificada. Queremos dar passos concretos para tornar discurso em realidade. A Amazônia não é um problema. O ato de proteger a Amazônia guarda boa parte das respostas corretas para um mundo que tem dúvidas e incertezas", afirmou, em nota, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior.
O presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, que há cerca de duas semanas participou de uma reunião, ao lado de um grupo de empresários, para tratar do tema com Mourão, disse, também em nota, que os bancos têm a responsabilidade "como agentes importantes do sistema financeiro" e que compartilham "as mesmas preocupações a respeito do desenvolvimento socioeconômico da Amazônia e da conservação ambiental". "Acreditamos que os três bancos têm forças complementares e, atuando de forma integrada, vemos grande potencial de geração de impacto positivo na região", destacou Bracher.
Já o presidente do Santander, Sergio Rial, afirmou que o desafio em relação ao tema "impõe uma atuação firme e veloz a todos os atores que puderem participar da construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. Com a união de esforços da nossa indústria, conseguiremos fazer ainda mais por essa região, que tem um valor inestimável não só para o País, mas para todo o planeta", destacou.
Além do estímulo às cadeias sustentáveis na região por meio de linhas de financiamento diferenciadas e ferramentas financeiras e não financeiras e a viabilização de investimentos em infraestrutura básica para o desenvolvimento social e ambiental, o plano dos três bancos inclui o fomento de um mercado de ativos e instrumentos financeiros de lastro "verde", a atração de investimentos e promoção de parcerias para o desenvolvimento de tecnologias que impulsionem a bioeconomia e apoio para atores e lideranças locais que trabalhem em projetos de desenvolvimento socioeconômico na região.
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22 de julho de 2020 | 22h53
BRASÍLIA - Depois de se reunir com representantes de três grandes bancos privados, em Brasília, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o governo está comprometido com a redução das ilegalidades e com o avanço da regularização fundiária na Amazônia. Estiveram presentes ao encontro, no Palácio do Planalto, executivos do Bradesco, Itaú e Santander.
“Fizemos ver a eles que seria importante pensarem em formas de financiamento para projetos em bioeconomia, com juros melhores”, disse o general ao Estadão. Nesta quinta-feira, 23, Mourão viajará para São Paulo, onde terá nova reunião, desta vez somente com executivos do Santander.
Segundo o vice-presidente, os empresários não apresentaram queixas sobre risco de perda de investimentos do exterior por causa de problemas com a preservação da Amazônia, o desmatamento e as queimadas.
“Eles não colocaram questão de perda de investimento. Agora, o que é claro hoje é que, com a agenda ambiental, todas as empresas têm uma preocupação sobre onde estão colocando seus recursos e onde estão investindo. E o que a gente vê é que a Amazônia pode ser uma solução em termos de empresas que têm atividades poluentes”, afirmou Mourão. O vice-presidente destacou que uma das questões é verificar onde as empresas podem investir para a preservação da floresta , com o objetivo de compensar a poluição que elas causam em outras áreas.
“Essa é a grande discussão que tem hoje em relação a crédito de carbono e pagamento de serviço ambiental e que a gente tem condições de avançar. Esse é um recurso muito bom para ir para a Amazônia”, argumentou.
Os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Agricultura, Tereza Cristina, estavam presentes ao encontro. Presidente do Conselho da Amazônia, Mourão observou que, por enquanto, o que está mais avançado nessas discussões é a possibilidade de financiamento para projetos sustentáveis. O general informou que, na reunião do dia anterior com governadores da Amazônia, pediu que eles deixassem prontos, o quanto antes, projetos de desenvolvimento sustentável na região. A ideia é que tudo seja executado assim que houver recursos.
“O importante é que, neste momento, os governadores tenham projetos e os Estados com mais dificuldades de fazê-los procurem o BNDES para ajudá-los, para que eles tenham propostas prontas”, disse Mourão, em referência ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. “Na hora em que surgirem os recursos, você vai na prateleira, pega o projeto e usa a verba disponível para executá-lo”.
Questionado se o Fundo da Amazônia será reformulado, o vice-presidente respondeu que não. “Reformulado, não. O que aconteceu é que o fundo parou por causa da auditoria que foi feita pelo Ministério do Meio Ambiente no ano passado”, disse ele. “Nós nos sentamos à mesa com os doadores, os doadores colocaram que querem resultados positivos em termos de combate às ilegalidades e nós temos certeza de que vamos apresentar esse resultado no segundo semestre”. Na avaliação de Mourão, a partir daí o comitê do fundo será colocado novamente em funcionamento e os recursos, destravados.
Sobre a possibilidade de assinatura de uma Medida Provisória relacionada com crédito de carbono, que o Ministério de Minas e Energia estaria preparando, o vice-presidente disse não conhecer o texto. “Não tenho detalhes”, afirmou ele, admitindo que a MP está sendo aperfeiçoada. Para Mourão, isso faz parte dos acordos estabelecidos.
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22 de julho de 2020 | 19h49
BRASÍLIA - Executivos dos três maiores bancos privados do Brasil reuniram-se nesta quarta-feira, 22, com o vice-presidente Hamilton Mourão e outros representantes do governo para discutir uma agenda conjunta para a Amazônia.
Pelo lado do governo, além de Mourão, estiveram presentes a ministra da Agricultura, Tereza Cristina; o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Participaram do encontro pelo lado dos bancos o presidente do Santander, Sergio Rial; o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari; e a vice-presidente do Itaú, Claudia Politanski.
Os bancos se juntam a investidores internacionais e grandes empresas brasileiras, que têm demonstrado desconforto com o efeito da questão ambiental sobre a economia brasileira.
No encontro, a equipe do presidente Jair Bolsonaro debateu medidas sobre a conservação ambiental e desenvolvimento da bioeconomia, além de investimento em infraestrutura sustentável e de investimento na área da Amazônia Legal.
Em carta, as instituições financeiras afirmaram que vão apoiar o poder público em iniciativas de estímulo à bioeconomia na região, ao desenvolvimento de infraestrutura básica para a população local e fomentem o mercado de títulos financeiros verdes.
“Para que as ações sejam efetivas, é fundamental que ocorra uma intensificação das medidas de proteção da floresta Amazônica”, alertam os bancos, em comunicado distribuído à imprensa após a reunião.
Segundo o comunicado, “a atuação dos bancos será coordenada com o governo, e as ações serão implementadas em alinhamento com as iniciativas públicas”.
Entre as ações planejadas pelos bancos estão o estímulo a cadeias sustentáveis como cacau, açaí e castanha por meio de linhas de financiamento; viabilização de infraestrutura básica como energia, internet, moradia, saneamento e transporte hidroviário; atração de investimentos que impulsionem a bioeconomia; e apoio a lideranças locais em projetos de desenvolvimento socioeconômico.
Os bancos planejam agora estabelecer um conselho de especialistas que será responsável por auxiliar no desenvolvimento do plano. “A dimensão do desafio impõe uma atuação firme e veloz a todos os atores que puderem participar da construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, que inclua as necessidades da população e de preservação dos nossos recursos naturais”, afirmou Rial, no comunicado.
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