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Com expectativa de fim de ano melhor, contratação surpreende em outubro

Foram abertas no mês passado 76,6 mil vagas de emprego com carteira assinada no País, o sétimo aumento consecutivo e o maior número desde 2013; para economistas, otimismo dos varejistas com a demanda de Natal impulsionou abertura de vagas

Foto do author Márcia De Chiara
Por Fabrício de Castro , Márcia De Chiara e Douglas Gravas
Atualização:

Na esteira da recuperação gradual da economia e com a expectativa de um fim de ano melhor para o varejo, o País abriu em outubro um total de 76,6 mil vagas de emprego com carteira assinada, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados de Desempregados (Caged) divulgados nesta segunda-feira, 20, pelo Ministério do Trabalho. Foi o sétimo aumento consecutivo do número de postos. Em 2017, as novas vagas já somam 302,2 mil.

No acumulado dos dez primeiros meses do ano, foram abertos 302.189 postos com carteira assinada, dando força à leitura de gradual recuperação da atividade econômica. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Desde 2013, quando foram geradas 94.893 vagas em outubro, o Brasil não apresentava números tão bons para o mês. O comércio puxou a alta de empregos, com 37,3 mil postos, seguido pela indústria de transformação, com 33,2 mil, e o setor de serviços, com 15,9 mil.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, ficou surpreso com o resultado. A consultoria estava entre as mais otimistas do mercado e projetava um saldo de 40 mil contratações. “O número de outubro foi muito forte, antes da reforma trabalhista até.”

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Vale também estimava que os empregadores iriam aguardar a reforma para voltar a contratar, mas não foi isso que aconteceu. “O que explica o resultado é que as empresas estão se surpreendendo com a demanda de Natal e não esperaram a reforma para voltar a contratar.” Para novembro, Vale arrisca a projeção de uma saldo positivo de 60 mil vagas por conta da demanda de fim de ano.

O economista Luiz Castelli, da GO Associados, concorda que as perspectivas de um fim de ano menos magro devem ajudar na criação de vagas de novembro. “O varejo e a indústria de bens duráveis devem ter os melhores resultados.”

Ainda assim, o saldo de empregos no ano deve ser negativo. “Saímos da crise, passamos do ponto de inflexão, mas ainda não estamos num mercado de trabalho saudável”, afirma o economista Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

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Até outubro, o saldo de vagas formais está positivo em 302.189. Como a sazonalidade de dezembro em anos normais é negativa em cerca de 500 mil vagas, Zylberstajn acredita que o ano ainda feche no vermelho na geração de postos de trabalho – mas menos do que foi no passado recente.

Vale, da MB, diz que, a depender do resultado do último bimestre, o saldo de vagas do ano pode ficar bem próximo de zero. Com os dados divulgados ontem, ele refez a projeção para 120 mil vagas fechadas no ano.

Apesar do saldo positivo no emprego, algumas áreas seguiram apresentando resultados ruins. Somente a construção civil, destaque entre os principais setores empregadores, fechou 4,8 mil vagas em outubro. No ano, 30,5 mil vagas desapareceram. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira afirma que a expectativa é de que o setor volte a contratar no primeiro semestre de 2018.

Além da construção civil, houve perda de vagas na agropecuária, de 3,6 mil postos em outubro. Neste ano, porém, o setor já criou 105,1 mil empregos.

O governo mantém expectativas positivas para os próximos meses apostando no impacto das novas regras trabalhistas. Segundo o Ministério do Trabalho, as novas atividades regulamentadas – como o trabalho intermitente – podem gerar 2 milhões de empregos em 2018 e 2019.

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