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Grupo Soma bate a Arezzo e compra a Hering em negócio de R$ 5,1 bi

Conversas entre a dona da Animale e da Farm com a Hering começaram na quinta-feira, segundo apurou o 'Estadão', sendo encerradas em pouco mais de três dias

Foto do author Fernando Scheller
Foto do author Fernanda Guimarães
Foto do author Talita Nascimento
Por Fernando Scheller , Fernanda Guimarães e Talita Nascimento
Atualização:

Em uma negociação relâmpago, o Grupo Soma (dono de marcas como Animale e Farm), fechou acordo para incorporar a Hering, segundo fato relevante divulgado nesta segunda-feira, 26. O negócio avalia a centenária marca de confecções em R$ 5,1 bilhões, valor bem superior aos pouco mais de R$ 3 bilhões que a Arezzo havia oferecido em uma oferta considerada hostil pela companhia na semana passada. O movimento animou as ações da Hering, que fecharam o dia em alta de 26%, a R$ 28,62 – um ganho de valor de mercado equivalente a R$ 965 milhões em um só dia.

O negócio esquenta de vez a disputa da consolidação do varejo brasileiro, em que as empresas tentam correr para ganhar musculatura em um mercado cada vez mais acirrado. O fechamento do negócio com a catarinense Hering coloca o Grupo Soma em um novo patamar entre os varejistas nacionais. A companhia, até aqui, se limitava à atuação no mercado premium. Agora, vai para o segmento de massa, ganhando musculatura.

Hering Foto: Hering/Divulgação

O preço pago pelo Grupo Soma avaliou o papel da Hering em cerca de R$ 33, quando eram negociados na bolsa na última semana em torno de R$ 22. O valor de mercado da Hering na sexta-feira, 23, era de pouco menos de R$ 3,7 bilhões. O preço pago pela companhia está cerca de 37% acima deste valor.

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Conforme mostrou reportagem do Estadão desta segunda-feira, diversas varejistas estão se movimentando para sair fora de sua zona de conforto e virar uma "consolidadadora" do mercado. Segundo Marcos Gouvêa de Souza, fundador da consultoria Gouvêa, a situação do mercado exige pressa, pois agora a empresa que não se movimentar rápido corre o risco, lá na frente, de acabar adquirida por outra que se movimentou com antecedência. 

Bastidores de negociação

As conversas começaram depois da proposta da Arezzo. Segundo apurou o Estadão, a família não havia gostado da oferta(que considerou baixa), mas o movimento da calçadista foi suficiente para chamar a atenção de outros interessados. As negociações com a Soma foram relâmpago. Começaram na quinta-feira, e a rapidez surpreendeu até quem estava envolvido no negócio.

O grande objetivo da família Hering era conseguir a avaliação que o negócio chegou a ter antes de a pandemia de covid-19 causar uma desvalorização nos papéis da companhia, derrubando seu valor de mercado. Foi uma equação simples: o Soma chegou muito perto do que a Hering pedia, e as conversas andaram rápido, uma vez que havia disposição da família em vender.

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Outra questão que pesou favoravelmente na proposta do Soma, em relação à da Arezzo, foi a aproximação. Enquanto a oferta da calçadista foi considerada por fontes de mercado como "quase hostil", que deixava a empresa com cara de negócio antigo e desvalorizado, o Soma soube valorizar o legado da Hering, tanto no preço quanto na condução das conversas. Os donos da Hering devem ter participação na gestão do novo grupo, pelo menos temporária.

Dividindo funções

Embora o executivo Roberto Jatahy, do Soma, vá ter o comando dos negócios nas mãos, as conversas para a compra da Hering contemplaram bastante terreno para a família fundadora da companhia.

O atual presidente da Cia. Hering, Fabio Hering, deve assumir a presidência do conselho do Grupo Soma após a combinação de negócios das duas empresas. O filho dele, Thiago Hering, continuará como CEO da marca Hering. Em teleconferência com investidores sobre a fusão, Fábio foi o primeiro a falar. O empresário lembrou que se relaciona com executivos do Grupo Soma há quase dez anos e que, em reunião com a família fundadora da malharia, a decisão teve repercussões positivas. 

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“Ivo Hering (presidente do conselho da Cia. Hering) lembrou que ao conhecer Jatahy, eu disse que ele poderia me suceder na empresa. Era uma época em que nem se falava no Thiago (Hering)me suceder”, contou Fábio. “Parece uma negociação veloz, e foi. Mas temos vínculo antigo com o Soma”, explica.

Sinergias

Roberto Jatahy, disse ainda, em teleconferência sobre o negócio, que algumas marcas do Soma podem partir para o modelo de franquias, modelo já adotado pela Hering. “Temos baixo conhecimento em gestão de franquias”, disse. Ele apontou que a experiência dos executivos da Hering nesse quesito deve proporcionar essa evolução às marcas que já estavam no portfólio do grupo. O executivo disse ainda que a companhia deixará à disposição da Hering uma área de estamparia e que o parque industrial da varejista de moda básica deve contribuir com quase todas as marcas do grupo. “Calculamos R$ 200 milhões em sinergias a serem capturadas no período de 2 a 3 anos”, completou o diretor financeiro do Grupo Soma, Gabriel Lobo.

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