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Paulo Guedes fica até o último dia de governo, diz Bolsonaro

Declaração ocorre dias depois do ministro chamar servidores de parasitas; presidente deve enviar esta semana reforma administrativa

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner e Jussara Soares
Atualização:

BRASÍLIA - Sem que tivesse vindo à tona qualquer ruído sobre a saída do governo do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro decidiu falar sobre o assunto e negar o que ninguém havia afirmado. 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a 28ª Reunião do Conselho de Governo no Palacio do Alvorada Foto: Marcos Corrêa/PR

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Em evento realizado na terça-feira, 18, no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que Guedes seguirá até o fim do governo. A declaração ocorreu dias após o ministro causar polêmica ao chamar os servidores públicos de “parasitas”, o que o levou a fazer sucessivos pedidos de desculpas e a esclarecer que desejava chamar o “Estado” de parasita.

“Se Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais e sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que por possíveis deslizes, que eu também já cometi muito no passado. O Paulo não pediu para sair, tenho certeza de que de que ele vai continuar conosco até o último dia. Ele não é militar, mas foi um jovem aluno do colégio militar de Belo Horizonte”, afirmou Bolsonaro, durante a cerimônia de posse de ministros.

Bolsonaro evitou esclarecer por que mencionou a permanência de Guedes no discursos e disse a jornalistas que “é só ver o vídeo” de suas declarações. Na semana passada, Guedes causou outra polêmica ao afirmar que o dólar mais barato estava prejudicando as exportações e permitindo que “todo mundo”, incluindo empregadas domésticas, pudessem ir para a Disney.

A afirmação de Bolsonaro sobre a permanência de Guedes no governo não foi gratuita. A equipe econômica está insatisfeita com a demora do Palácio do Planalto no envio da reforma administrativa para o Congresso e pressiona Bolsonaro a anunciar a medida ainda esta semana. O texto está na gaveta do presidente Bolsonaro desde o ano passado. 

Outro ponto de atrito é a negociação das mudanças no orçamento impositivo. A equipe econômica se queixa de falta de entendimento da ala política em relação ao impacto dessas alterações, que vão dificultar a administração das despesas e o bloqueio para o cumprimento da meta fiscal. “Há muita desinformação”, diz um integrante do time de Guedes. 

Na terça à tarde, Bolsonaro reuniu ministros em seu gabinete para discutir os detalhes finais da proposta do Orçamento. Para auxiliares do ministro, a declaração do presidente foi um afago em Guedes, após declarações recentes dele, que tiveram repercussão negativa.

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Sinal

Na terça, Bolsonaro quis dar um sinal de comprometimento com as reformas, depois de ser criticado por titubear sobre o envio das medidas ao Congresso. Ele disse que passaria a noite estudando a proposta de reforma administrativa que o governo quer encaminhar ao parlamento ainda nesta semana.

“Vou papirar (estudar) hoje à noite. Vou estudar a noite toda, peguei o consolidado agora”, disse o presidente ao chegar ao Palácio da Alvorada. Bolsonaro chegou a cancelar um evento sobre o Programa Mais Brasil para discutir a reforma com sua equipe. O cancelamento foi anunciado cerca de meia hora antes, quando os convidados chegavam ao Palácio. 

No fim do dia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o governo sinalizou que enviará a proposta com mudanças nas regras dos servidores públicos nesta quinta-feira. Em São Paulo, Maia demonstrou que está confiante na aprovação das reformas tributária e administrativa até o fim do primeiro semestre, antes, portanto, das eleições municipais. Antes disso, Maia havia rejeitado a possibilidade de a administrativa ficar para o ano que vem, atraso que poderia ocorrer em razão do calendário apertado e do número de propostas em discussão em outras áreas, como a reforma tributária e a PEC emergencial. 

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