Volume recorde de exportação e melhora do mercado interno resultaram na produção de quase 2,7 milhões de veículos no ano passado no Brasil, número 25,2% superior ao de 2016 e o primeiro crescimento depois de três anos. O desempenho levou as montadoras a contratarem 5,5 mil trabalhadores, após terem fechado 35,7 mil postos nos três anos anteriores. Hoje, empregam 126,7 mil pessoas.
Outra medida foi a redução, para 1.885, no total de funcionários com contratos suspensos (lay-off) ou inscritos no programa de redução de jornada e salários. Em março, a indústria tinha 38,8 mil trabalhadores nessas condições. Ainda assim, o setor opera com ociosidade de 47%; nas fábricas de caminhões, esse porcentual é de 75%.
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Foram exportados 762 mil veículos que, somados às máquinas agrícolas, renderam US$ 15,8 bilhões, terceiro melhor resultado da história. “Com o mercado interno deprimido, as empresas fizeram esforços extras para exportar”, diz Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O setor contou ainda com o crescimento econômico de vários países da América Latina, que demandaram mais produtos; novos acordos comerciais, como o da Colômbia; câmbio favorável e evolução tecnológica dos carros que, segundo Megale, “deixaram o produto nacional mais competitivo e mais atraente para esses mercados.”
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Previsão. Depois de passar pelo que considerou a maior crise de sua história, a indústria automobilística vê a reação do ano passado como sustentável e prevê novas altas para este ano, apesar da instabilidade esperada com as eleições de outubro.
A produção deve crescer 13,2%, para 3,055 milhões de veículos, incluindo caminhões e ônibus. A previsão para as vendas internas é de aumento de 11,7%, para 2,5 milhões de unidades, após a melhora de 9,2% registrada em 2017.
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“Há uma queda no desemprego, retorno da confiança dos consumidores, condição favorável para oferta de crédito com juros mais baixos e previsão de crescimento de 3% no PIB”, justifica Megale.
Para as exportações, é esperada alta de apenas 5%, somando 800 mil unidades. “Esperamos um crescimento mais modesto, porque no ano passado evoluímos muito”, diz Megale. Outro motivo é que a Argentina, destino de mais de 60% das exportações, deve reduzir seu ritmo de crescimento.
Também é previsto que modelos importados vão responder por 15% das vendas internas. Hoje essa participação é de 10,9%, considerando os 244,1 mil carros vindos de fora em 2017. Esses índices incluem carros trazidos do Mercosul e de países que têm acordos com o Brasil, como México e Colômbia. Também os que são importados por empresas sem fábricas no País, agora beneficiadas pelo fim da taxação extra de IPI, que vigorou nos últimos cinco anos.