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Próximos meses serão decisivos para o PIB no pós-pandemia; leia análise

Diminuição das incertezas domésticas requer amplo esforço de coordenação em várias áreas, incluindo o equacionamento dos desafios fiscais

Por Fernando Honorato Barbosa
Atualização:

Após três trimestres de forte expansão, o PIB mostrou certa acomodação (-0,1%). Os estímulos à economia vêm diminuindo; a indústria sofre escassez global de suprimentos; a agropecuária se ressente da seca; o consumo desacelera diante da inflação e parte importante do efeito da reabertura da economia já foi incorporado aos dados, capturado na expansão do setor de serviços. Logo, a estabilidade do PIB não surpreende.

Olhando para o fim deste ano, os dados de arrecadação federal, crédito e geração de empregos mostram que a economia voltará a se expandir, devendo encerrar 2021 com crescimento ao redor de 5,2%. Ao final do ano, será seguro dizer que teremos encerrado o ciclo econômico da pandemia, se ela não voltar a se agravar, e trataremos, então, da velocidade de crescimento “regular” do País.

Ao final do ano, será seguro dizer que teremos encerrado o ciclo econômico da pandemia, se ela não voltar a se agravar. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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A respeito dessa velocidade, 2022 deve mostrar uma expansão entre 1,5% a 2,0%, parecida com as taxas anuais observadas antes da pandemia. O impulso global será menor e tanto a política fiscal como a monetária serão menos expansionistas. Por sua vez, o emprego, que está defasado em relação ao PIB, e o uso da poupança formada durante a pandemia, da ordem de 21% do PIB, apoiarão a expansão da renda e do consumo das famílias.

É possível, entretanto, observarmos uma recuperação mais intensa no médio prazo. As reformas dos últimos anos - trabalhista, previdenciária, teto de gastos, lei do saneamento e autonomia do Banco Central - podem destravar investimentos. Isso é particularmente verdade diante da redução do endividamento das empresas nos últimos trimestres e da vitalidade do mercado de capitais.

Para isso, é preciso que as incertezas domésticas sejam dirimidas. Isso requer um amplo esforço de coordenação em várias áreas. Do ponto de vista econômico, essa coordenação requer equacionamento dos desafios fiscais e manejo dos riscos da pandemia e energéticos. Se bem endereçados, esses temas possuem capacidade de reduzir a inflação e acelerar o crescimento. Os próximos meses serão decisivos para dar visibilidade a esse quadro e ao ritmo de expansão do PIB no “pós-pandemia”.

*DIRETOR DE PESQUISAS E ESTUDOS ECONÔMICOS DO BRADESCO

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