A partir do fim do seu acordo de acionistas, marcado para 9 de novembro, a Vale tende a ser ainda mais questionada sobre fatores ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês), seja por acionistas minoritários, que passam a ter mais representatividade, seja porque deverá caminhar para ter um conselho de administração 100% independente.
O término do acordo libera as ações vinculadas ao bloco de controle. Embora tenha sido privatizada em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a empresa ainda tem entre seus principais acionistas entes ligados à máquina estatal, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Em agosto, o BNDES vendeu R$ 8,1 bilhões em papéis não vinculados ao bloco de controle e sinaliza para novas vendas, já que a redução da carteira de ações é uma das metas da atual diretoria do banco de fomento. A janela de saída para os acionistas ligados ao governo é bem vista pelo mercado, por esvaziar qualquer risco de ingerência estatal sobre a Vale, numa espécie de “segunda privatização”.
O BNDES prepara ainda a venda das debêntures participativas da Vale, títulos que foram utilizados na época da privatização da mineradora, com um valor estimado de R$ 6 bilhões. O Bradesco BBI foi contratado como coordenador líder e a ideia é precificar esses papéis logo no início de 2021.
Para esse processo de venda, um pouco mais complexo, as debêntures serão listadas na Bolsa, como se fossem ações. Depois disso será realizada uma oferta pública.