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'Objetivo é tirar a Azul da ponte aérea'

Plano das companhias é quebrar a Avianca e evitar que concorrente entre em Congonhas, diz Rodgerson

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

A entrada de Gol e Latam na disputa pela Avianca Brasil – que está em recuperação judicial – é apenas uma estratégia para tirar a Azul da jogada e impedi-la de crescer no aeroporto de Congonhas (SP), o mais disputado do País, segundo o presidente da Azul, John Rodgerson.

“Elas vão quebrar uma empresa para evitar que a gente faça a ponte aérea”, disse. A Azul havia oferecido US$ 105 milhões para ficar com os aviões e as autorizações de pouso e decolagem (slots) da Avianca. Na terça-feira, foi surpreendida com um novo plano de recuperação da empresa endividada, que prevê o leilão dos ativos divididos em sete UPIs (Unidades Produtivas Independentes). Latam e Gol se comprometeram a ficar, cada uma, com pelo menos uma dessas UPIs e pagar US$ 70 milhões por elas. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Ação do Cade será interessante, diz Rodgerson. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

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A Azul vai participar do leilão das UPIs da Avianca?

Acho que não. Latam e Gol fizeram de tudo para tentar barrar nossa entrada em Congonhas. Elas têm 90% do aeroporto e tentarão ficar com 95%. Vão quebrar uma empresa (Avianca) para evitar que a gente faça a ponte aérea. Acho que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não permitirão. A Anac foi clara que não se vende slots. Se você quer um slot, tem de comprar a empresa que está operando o slot.

Mas o projeto da Azul era semelhante a esse, apenas não tinha essa divisão da empresa.

É muito difícil dividir uma empresa aérea quando se tem engenharia, piloto-chefe... Depois, a empresa tem de durar até o processo do Cade. Eles vão operar assim até lá? Vejo muito problema nisso, mas faz parte do jogo. Nossos concorrentes estão tentando nos barrar em Congonhas.

Mas a Azul pode participar do leilão...

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Gol e Latam dividiram (os slots da Avianca) de tal forma que não querem que tenhamos habilidade para montar uma malha aérea. Teríamos um voo às 9h e o próximo só às 11h. Não seríamos competitivos.

Quão limitador é para o crescimento da Azul a pouca participação em Congonhas?

Nosso crescimento nunca dependeu de Congonhas. Temos 13 slots lá, a Avianca tem 21. Gol e  Latam têm mais de 130 cada uma. Vai ser interessante o que o Cade vai fazer, porque haverá uma concentração forte. Nossa proposta era ficar com 34 slots. Veja como a marca da Azul dá medo, por causa do nosso produto.

As empresas estão interessadas nos slots dos principais aeroportos do País. Elas não podem querer aumentar suas participações neles?

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A Avianca voa hoje em Brasília, mas esse novo plano não fala de Brasília. A única coisa que eles estão preocupados é Congonhas. Esse é um jogo sobre Congonhas. Eles olharam o que nós queríamos – slots em Congonhas, Guarulhos e Santos Dumont – e tentaram quebrar isso em sete para evitar que nós pegássemos.

Vocês pensam em entrar na Justiça? Há alguma medida jurídica que possam tomar?

Vamos lutar para entrar em Congonhas de qualquer forma através dos meios que temos. Mas vamos ver o que acontece. Não acho que o plano é viável. Tem de ver o que a Anac fala. Estão empurrando isso com a barriga até que a empresa quebre. Sempre disse que, para haver um negócio, tinha de ser rápido, porque a condição da empresa é fraca agora. Tenho muitas dúvidas de como vai sobreviver.

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