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Fechamento de vagas de emprego formal em 2016 é o pior desde 1976, diz MTE

Além do Caged, Ministério do Trabalho divulga também a Relação Anual de Informações Sociais; segundo o relatório, o País fechou 2,001 milhões de postos de trabalho no ano passado

Por Lu Aiko Otta e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - O Brasil fechou 2,001 milhões de vagas de emprego formal em 2016, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) divulgada nesta quinta-feira, 19, pelo Ministério do Trabalho. Trata-se do pior resultado desde 1976. Em 2015, o País havia fechado 1,511 milhão de postos de trabalho com carteira assinada.

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O saldo negativo de emprego formal em 2016 foi o pior em 40 anos, considerando toda a série histórica da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), iniciada em 1976. O levantamento contabiliza as perdas de vagas formais entre celetistas, temporários, estatutários do serviço público e autônomos com CNPJ constituído.

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Em 2016, centenas de trabalhadores se aglomeravam para tentar inscrição em vaga de emprego na retomada das obras na Refinaria Abreu e Lima,em Pernambuco. Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

Com o resultado, houve queda de 4,16% no estoque de trabalhadores formais no ano passado em relação a 2015. O estoque de empregos no País recuou de 48.060.807 para 46.060.198 no período. Além dos trabalhadores celetistas, a Rais também abrange outros tipos de vínculos trabalhistas, incluindo todas as categorias de servidores do setor público.

No ano passado, houve redução de 108.331 estabelecimentos com e sem empregados. O saldo negativo não foi visto nem em 2015, no período mais agudo da crise.

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O coordenador-geral de Estatísticas do Trabalho, Mario Magalhães, destacou que apenas em dois anos (2015 e 2016), perderam-se 3,5 milhões de postos formais. “A crise começou em finais de 2014, e em 2015 ela se torna evidente, principalmente a partir de abril. O ano de 2016 é o aprofundamento dessa crise, em que há ciclo vicioso entre queda do emprego, que leva à queda da massa salarial, que leva à queda da demanda do mercado, que se encolhe. O que temos na Rais é o resultado desse círculo vicioso”, analisou Magalhães.

Pelos dados do relatório, os trabalhadores que mais sofreram com o fechamento de postos formais de trabalho foram os de menor escolaridade (analfabetos, fundamental incompleto ou completo ou ensino médio). Já quem tem ensino superior até conseguiu encontrar mais vagas formais, segundo o Ministério do Trabalho. “Quem acha que isso (ter superior completo) não influi na empregabilidade, não é verdade, foi o grupo mais preservado”, disse o coordenador, que admitiu que quem tem menos escolaridade e menos renda sofreu mais com a crise.

Os mais jovens também foram os que mais sentiram os efeitos do encolhimento do mercado de trabalho em 2016. Por gênero, o saldo de emprego para homens diminuiu em 1,264 milhão, enquanto o de mulheres caiu 736,5 mil no ano passado. Chamou atenção o fato de o emprego para pessoas com deficiência ter crescido, apesar da crise.

Regiões. No ano passado, todos os Estados registraram queda no saldo formal de emprego, à exceção do Amapá, que gerou 3.678 postos de trabalho. O saldo mais negativo foi registrado em São Paulo (-503.351), seguido do Rio de Janeiro (-289.378).

Remuneração. Apesar da queda no número de vagas, a remuneração média mensal dos trabalhadores ficou maior em 2016. Em relação a dezembro de 2015, o aumento verificado no último mês do ano passado foi de 0,78%. Nessa comparação, a remuneração média dos empregados cresceu de R$ 2.830,33 para R$ 2.852,62. 

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