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Com incertezas no cenário externo e local, Bolsa cai 0,73% e dólar sobe

Dólar terminou o dia cotado a R$ 3,7829, alta de 0,16%

Por Karla Spotorno (Broadcast) e Silvana Rocha
Atualização:

Em um início de semana de noticiário escasso no cenário doméstico, o dólar seguiu a tendência do mercado externo e avançou levemente ante o real. A moeda terminou o dia aos R$ 3,7829, com alta de 0,16%, depois de ter subido quase 2% no acumulado da última semana. Já a Bolsa, de acordo com analistas de renda variável, respondeu ao cenário eleitoral incerto e fechou o dia em baixa de 0,73%, aos 77.996,12 pontos.

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Pela manhã, o dólar chegou à máxima de R$ 3,8030 (+0,69%), refletindo uma nova onda de temores de atritos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com outros países. Desta vez, Trump fez ameaças via Twitter ao presidente do Irã, Hassan Rouhani, em resposta a declarações deste último. No início deste ano, Trump retirou os EUA de um acordo que previa o controle do programa nuclear iraniano e ampliou as sanções contra o país.

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Além disso, dúvidas quanto aos entendimentos do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) com partidos do Centrão, favoreceram correções nas cotações, com investidores promovendo algumas recomposições de carteiras. No sábado, Alckmin se disse contrário à contribuição sindical, gerando um mal-estar ante o deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade). Após um encontro de dirigentes partidários no domingo, Paulinho disse que o atrito estava resolvido. É esperado que o apoio dos partidos do Centrão a Alckmin seja oficializado na próxima quinta-feira.

Moeda norte-americana corrige alta e volta a subir Foto: Reuters

Em análise publicada no Broadcast, a consultoria de risco político Eurásia afirmou que o apoio do bloco ao ex-governador de São Paulo o mantém no jogo, mas que a vitória do tucano nas eleições é improvável.

"Não basta ter tempo de TV e dinheiro para campanha: é preciso convencer o eleitor e estar alinhado com as demandas do eleitor. E isso é mais difícil quando o candidato não está de acordo com o sentimento da população. Aos olhos de muitos eleitores, Alckmin encarna o que eles hoje estão rejeitando: a política tradicional, há de pior na política brasileira, o toma-lá-dá-cá com os partidos, as acusações de corrupção, a falta de autenticidade no discurso. Em uma eleição dominada pela raiva do eleitorado contra a classe política, não será tarefa simples vender um candidato como ele", afirma a consultoria

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A desaceleração do dólar aconteceu à tarde, principalmente na última hora de negociação, quando a moeda americana perdeu força rapidamente ante o peso mexicano. O enfraquecimento, ocorreu depois que Trump afirmou que está negociando algo "dramático" com o México sobre comércio. Trump não deu detalhes sobre tais negociações. 

Bolsa. O Ibovespa abriu a sessão de negócios desta segunda-feira instável, mas foi logo se firmando em baixa. Ao final do dia, fechou em queda de 0,73%, aos 78.085 pontos. De acordo com analistas de renda variável, diante da continuidade dos temores a respeito da questão eleitoral, o mercado de ações local devolveu parte dos ganhos de sexta-feira, quando a valorização se deu pela notícia de um acordo entre os partidos de centro e o pré-candidato tucano Geraldo Alckmin.

Para o operador da mesa institucional da Renascença Corretora Luiz Roberto Monteiro, os agentes de mercado ainda têm muitas dúvidas com relação aos arranjos políticos que estão sendo feitos para fortalecer a disputa pelo Palácio do Planalto. "O que ocorreu sexta-feira foi uma empolgação passageira e boa parte da queda de hoje (segunda) devolve aquela euforia que se viu", disse.

A respeito do zig-zag eleitoral envolvendo um candidato reformista, os agentes tiveram mais uma novidade. Na semana passada, o acordo com o centrão previa que o empresário Josué Gomes poderia ser o vice-presidente na chapa de Alckmin. Mas a poucos minutos do final do pregão desta segunda-feira, 23, o líder do PR na Câmara, José Rocha, afirmou que Gomes -filho do ex-vice-presidente José Alencar - deixou Alckmin à vontade para buscar um nome que traga votos para sua campanha.

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As ações de empresas estatais, termômetros sobre as condições políticas neste ano eleitoral, devolveram levemente os ganhos registrados na sexta-feira. Enquanto Banco do Brasil ON recuou 0,61%, Eletrobrás PN perdeu 1,56% e Petrobrás PN fechou estável (0,00%). Em contrapartida, os papéis da Vale ON tiveram alta firme encerrando a sessão com ganhos de 2,11%.

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe Nova Futura, lembra que a queda do índice desta segunda-feira, 23, foi parcial, com uma parcela das ações em alta. Internamente, disse, a expectativa com os balanços é positiva -33 a serem divulgados nesta semana, entre eles Ambev, Bradesco, Fibria e Vale. "As ações de bancos e varejo apontaram queda, mas não houve nada específico. Em parte, a bolsa também acompanha o movimento de apreensão em relação à situação externa", afirmou.

Para Álvaro Bandeira, economista-chefe da ModalMais, há algumas incertezas no exterior que também pesam por aqui, como rumores sobre uma eventual mudança na política monetária do Banco Central do Japão. Isso mexeu com o rendimento das taxas de juros, principalmente dos países desenvolvidos.

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