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Bolsa tem a pior semana desde 2008

Alta de 13,91% na sexta, depois do tombo de 14,78% na quinta-feira, não foi suficiente para reverter a queda de 15,63% na semana

Foto do author Iander Porcella
Por Luis Eduardo Leal , Iander Porcella (Broadcast) e Altamiro Silva Jr.
Atualização:

A Bolsa brasileira teve uma “sexta-feira 13” de ganhos e, ao fechar em alta de 13,91%, registrou a maior variação desde 13 de outubro de 2008. Ainda assim, não foi o suficiente para apagar totalmente as perdas acumuladas na inédita semana em que ocorreram quatro circuit breakers, o mecanismo de interrupção das negociações no mercado acionário. 

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O porcentual de queda semanal, de 15,63%, também remeteu ao pico da época da crise global passada. Em Nova York, os três principais índices de referência das Bolsas fecharam a sessão com ganhos na casa de 9,0%, com Dow Jones ganhando 9,36%. O movimento de alta das Bolsas ganhou força em reação à coletiva de imprensa do presidente americano, Donald Trump, na qual ele declarou estado de emergência nos Estados Unidos, em meio ao avanço do novo coronavírus no país. 

O líder da Casa Branca também informou que a decisão permitirá a liberação de US$ 50 bilhões em recursos federais para o combate ao surto. Pouco antes, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, havia afirmado que a Casa aprovará uma lei para liberar recursos que serão usados no combate ao surto.  

Os três principais índices de referência das Bolsas fecharam a sessão com ganhos na casa de 9,0%, com Dow Jones ganhando 9,36% Foto: REUTERS/Brendan McDermid

Já o petróleo, que despencou no início da semana com a “guerra de preços” entre a Arábia Saudita e a Rússia, teve ganhos entre 4,0% e 5,0%, mas fechou com perdas semanais superiores a 20%. 

“Apesar da recuperação em muitos mercados de ações hoje (ontem), ainda pensamos que a disseminação global do vírus terá de diminuir antes que uma recuperação genuína ocorra”, analisa o economista sênior de mercados Oliver Jones, da consultoria britânica Capital Economics. O epicentro da pandemia agora, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a Europa, onde o número de casos tem aumentado em países como Itália, Espanha, França e Alemanha.  

“A expectativa era de que Trump realmente declararia estado de emergência nos EUA, abrindo caminho para medidas mais restritivas de proteção sanitária, como fez a China”, diz Rafael Wynalda, analista da Toro Investimentos.  

Até quinta-feira, o Ibovespa acumulava perda de quase 40% nesse período de ajuste em relação ao pico histórico de fechamento de 23 de janeiro (119.527 pontos). “A experiência mostra que as perdas em períodos de recessão no Brasil ficam em torno de 35%. E, nas globais, chegam a 50%”, observa Matheus Soares, analista da Rico Investimentos. Para ele, não é possível dizer que é um ponto de virada, pois é cedo para isso.  

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Dólar

A moeda americana teve o terceiro dia seguido de alta, acumulando valorização de 3,94% na semana por conta da tensão causada pela pandemia do coronavírus. Foi a pior semana desde o início de novembro do ano passado, quando da frustração com o leilão do pré-sal. 

Desde que a crise gerada pela disseminação da doença se intensificou, no fim de fevereiro, o Banco Central já injetou quase US$ 18 bilhões no mercado de câmbio, por meio de diversos instrumentos. Para o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen, apesar do clima de pânico no mercado, a atuação do BC nos últimos dias tem ajudado a conter uma disparada ainda maior do dólar e fazer o real andar em linha com outras moedas emergentes. No mercado à vista, o dólar terminou ontem em novo nível recorde, a R$ 4,816. No ano, acumula alta de 20% no Brasil, o segundo pior desempenho em uma cesta de 34 moedas, atrás apenas da Colômbia, onde sobe 22%.

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