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Presidente do Banco Central procura Maia para falar sobre crise política

Segundo interlocutores, presidente da Câmara disse a Campos Neto o mesmo que tem respondido em público, que a obstrução dos trabalhos parte diretamente da base do governo

Por Camila Turtelli e Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - Preocupado com a crise política e com a possibilidade das reformas não avançarem no Congresso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, procurou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tratar do assunto, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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Desde o dia 6 de outubro não são realizadas votações na casa legislativa. O motivo é a obstrução feita pelos partidos da base do governo como forma de tentar emplacar um nome alinhado ao líder do PP na Casa, deputado Arthur Lira (AL), na presidência da CMO (Comissão Mista de Orçamento). A oposição também tem segurado os trabalhos para tentar colocar em pauta a medida provisória que prorroga o auxílio-emergencial pelo valor de R$ 300.

Segundo interlocutores, Maia disse a Campos Neto o mesmo que tem respondido em público que a obstrução dos trabalhos parte diretamente da base do governo. Na terça, para jornalistas, Maia criticou a articulação da base. "Não sou eu que estou obstruindo, é a base do governo. Se o governo não tem interesse nas medidas provisórias, eu não tenho o que fazer. Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente, é assim. Eu espero que, quando tivermos que votar a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] emergencial, a reforma tributária, que o governo tenha mais interesse e a própria base tire a obstrução da pauta da Câmara", disse.

Com poucas semanas até o final do ano, Maia já tinha defendido ao Estadão que governo e lideranças dos partidos fechassem com a máxima urgência um cronograma para votação de medidas de corte de gastos para garantir a adoção do Renda Cidadã, o programa substituto do Bolsa Família, e dar tranquilidade fiscal ao País nos próximos dois anos. Para o presidente da Câmara, não há mais tempo a perder porque, segundo ele, a crise “está muito mais perto, o prazo é curto e não se tomou a decisão até agora do que fazer”. 

As preocupações de Campos Neto surgem em um momento chave para o Banco Central. No fim desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC definiu o novo patamar da Selic (a taxa básica de juros). O Copom decidiu manter a taxa em 2% ao ano, mesmo com a alta dos alimentos. Este é o menor patamar da história.

A expectativa já era a de que não houvesse mudanças na taxa, mas o mercado financeiro estava ansioso para saber qual seria a visão do BC sobre o futuro. A percepção era a de que, caso o risco fiscal se intensificasse, a autarquia reforçaria os alertas que precisaria subir os juros para controlar a inflação. Campos Neto tem sinalizado que, com a área fiscal desorganizada, não é possível manter os juros baixos para sempre.