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Guerra comercial derruba Bolsas no mundo e faz dólar subir no Brasil

Ibovespa tem queda de mais de 2% e a cotação da moeda americana atingiu a nova máxima de R$ 3,9621 nesta segunda; Donald Trump acusa a China de 'manipulação cambial'

Por Luciana Xavier , Monique Heemann e Nicholas Shores
Atualização:

O aumento da tensão comercial entre Estados Unidos e China ganhou novos contornos na manhã desta segunda-feira, 5, depois que a China deixou o dólar romper a marca psicológica - valor que o mercado havia definido como limite - dos 7 yuans pela primeira vez desde 2008 e o presidente norte-americano, Donald Trump, acusou a potência asiática de "manipulação cambial".

Operadores da Bolsa de Nova York, que acumula perdas nesta segunda-feira. Foto: Johannes Eisele/AFP

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Como resultado desse cenário, que já traz temores de que as disputas comerciais extrapolem para uma guerra cambial, houve um movimento generalizado de aversão ao risco.

O dólar ganha força ante as principais moedas emergentes, incluindo o real, mas tem queda importante em relação a divisas mais fortes, como iene e franco suíço. No Brasil, a moeda norte-americana tem alta de mais de 1,5%, chegando a  R$ 3,9621 na tarde desta segunda, no maior valor em um dia desde os R$ 3,9983 registrados em 31 de maio.

O comportamento da divisa foi influenciado pela piora dos negócios no mundo e pela cautela com a semana em que a reforma da Previdência volta ao radar dos investidores, com a previsão de votação do texto em segundo turno na Câmara dos Deputados.

Queda é generalizada na Bolsa brasileira

Na Bolsa brasileira a queda é generalizada: Petrobrás e Vale têm desvalorização de mais de 3%. O Ibovespa voltou a operar na faixa dos 100 mil pontos, recuando mais de 2%, ameaçando abandonar até mesmo essa marca.

As mineradoras e siderúrgicas são afetadas pelo recuo de 6,66% no minério de ferro na China, também relacionado à briga comercial entre as duas maiores potências do mundo. As ações da CSN, Vale e Bradespar - importante acionista da mineradora - lideraram as maiores quedas do Ibovespa durante a manhã. No começo da tarde, os papéis caíam 5,74%, 3,89% e 4,79%, respectivamente.

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Outras empresas de commodities também registram quedas acentuadas: Usiminas PNA recua 3,65% e Gerdau PN cai 3,17%.  As ações dos bancos como Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil caíam mais de 1%. O petróleo chegou a cair mais de 2%.

Perdas em Wall Street

Em Nova York, as maiores perdas ocorrem nas ações dos setores financeiro e de tecnologia, com quedas próximas de 4%, como Bank of America, Citibank, Morgan Stanley e Apple. 

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O índice de volatilidade VIX, considerado o "medidor de medo" de Wall Street, chegou a saltar 26% na máxima do dia, acima dos 20 pontos. O Dow Jones chegou a cair 1,96%, S&P 500, 1,97% e Nasdaq, 2,57%. O índice FTSE 100, em Londres, encerrou o dia em queda de 2,47% o CAC 40, em Paris, recuou 2,19%.

A preocupação de analistas é que a disputa comercial contamine as expectativas para o crescimento mundial, aumentando as perspectivas de que um acordo pode ser adiado para depois da eleição presidencial dos EUA, em 2020.

Trump acusa China de manipulação cambial

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no Twitter que a China desvalorizou sua moeda para quase um nível histórico. "Isso se chama manipulação cambial", acusou. 

Nesta segunda, o dólar ultrapassou a marca psicologicamente importante de 7 yuans pela primeira vez desde 2008, depois que o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) estabeleceu a taxa de paridade em 6,9225 yuans por dólar, contra 6,8996 yuans por dólar na sexta-feira.

Segundo Trump, "isso é uma violação importante que enfraquecerá a China ao longo do tempo". Não é a primeira vez que o líder americano acusa Pequim de manipular o yuan para ter benefícios em disputas comerciais. 

O presidente ainda ironizou: "Está ouvindo, Federal Reserve (Fed, o banco central americano)?". Na última semana, ele afirmou não receber "ajuda" da autoridade monetária do país para sua economia. Na última quarta-feira, 31, O Fed reduziu os juros em 0,25 ponto porcentual, descendo a taxa para a faixa entre 2% e 2,25%. Foi o primeiro corte feito pelo Fed desde a crise de 2008

Chineses negam acusação

O presidente do PBoC, Yi Gang, afirmou nesta segunda que o país não usará a taxa de câmbio como uma ferramenta para lidar com "perturbações externas como disputas comerciais".

Em comunicado, a autoridade monetária insistiu que a taxa de câmbio do yuan está em um "nível apropriado", cuja flutuação é "impulsionada e determinada pelo mercado". "Muitas moedas se depreciaram contra o dólar desde o começo de agosto e a taxa de câmbio do yuan também foi afetada", disse.

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Yi reiterou que, "como um país grande responsável, a China vai se ater ao espírito dos líderes da cúpula do G20 sobre a questão da taxa de câmbio, aderir ao sistema de taxa de câmbio determinado pelo mercado, não vai se envolver em desvalorização competitiva e não usará a taxa de câmbio para propósitos competitivos". A declaração foi publicada pelo PBoC uma hora antes das acusações de Trump no Twitter.

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