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Bolsa avança 1,6% e dólar cai 1,2% após Federal Reserve descartar subir a taxa de juros

Presidente do banco central americano defendeu a redução da compra de ativos, mas descartou alta dos juros e disse que metas para a economia dos EUA ainda não foram cumpridas

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Por Redação
Atualização:

O ambiente de maior apetite por risco no mercado internacional, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sinalizar que vai começar a reduzir o programa de compra de ativos, mas sem mexer nos juros, ajudou os ativos locais nesta sexta-feira. A Bolsa brasileira (B3) subiu 1,65%, 120.677,60 - fechando na máxima do dia, enquanto no câmbio, o dólar caiu 1,17%, cotado a R$ 5,1955 - menor valor desde 4 de agosto.

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Com o resultado, o Ibovespa fecha a semana em alta de 2,22%, vindo de perda de 2,59% e de 1,32% nas duas anteriores. No mês, faltando duas sessões para o fim de agosto, ainda acumula perda de 0,92% - no ano, volta a terreno positivo, em alta de 1,40%, após o resultado de hoje. O resultado veio apoiado no mercado de Nova York, com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subindo 0,69%, 0,88% e 1,23% cada, sendo que os dois últimos registraram novos recordes de encerramento.

O mercado global respirou com alívio hoje, especialmente os que começavam a se posicionar para a possibilidade da retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos começar já em setembro, após recentes sinais emitidos por autoridades do banco central americano. No entanto, no Simpósio de Jackson Hole, tradicional evento organizado anualmente pelo Fed, Powell trouxe alívio ao sinalizar que pretende iniciar, em breve, apenas a redução na compra de títulos, processo chamado de 'tapering',  cujo anúncio já era aguardado pelo mercado.

Mercado mundial registra ganhos após fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell Foto: Brendan McDermid/ Reuters

Apesar de dizer que "mais progresso substancial" foi feito em relação a inflação e ao mercado de trabalho, Powell voltou a defender os estímulos e disse que ainda não é hora de subir os juros, por exemplo. Além disso, ele também condicionou o tapering a melhora do cenário econômico americano. 

Com a mensagem amena de Powell, o mercado deu pouca relevância ao tom um pouco mais duro de discursos de outros dirigentes regionais do Fed, como James Bullard, de St. Louis, e Loretta Mester, de Cleveland. O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, disse que se os progressos no mercado de trabalho prosseguirem, vai apoiar o início do 'tapering' neste ano.

Em relatório, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avaliou a fala de Powell como pró-estímulos, dada a reiteração da necessidade de "estimular o emprego até seu máximo, o que ainda permanece longe a despeito da inflação elevadíssima". Para Sanchez, os próximos relatórios de emprego nos Estados Unidos deverão forçar a autoridade a tomar medidas relativamente mais enérgicas de política monetária".

"Jackson Hole teve desfecho favorável, com tom mais 'dovish' de Powell em relação à retirada de incentivos da economia. A leitura do mercado foi bem positiva, mundo afora, e o Ibovespa acabou surfando toda essa melhora de humor internacional. E ao longo da semana, aqui, vários agentes da política reforçaram discurso contra rompimento do teto (de gastos), de que é algo que não se discute e que não haverá. Ainda que persistam ruídos, rusgas entre os Poderes, acompanhamos hoje a melhora vista lá fora", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

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Em evento promovido hoje na Federação Brasileira de Bancos, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que não haverá rompimento do teto "para auxílio e precatórios" e que confia em uma solução para o pagamento das dívidas judiciais costurada em parceria com o Judiciário. Presente no mesmo evento, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, afirmou que existe muito ruído em relação à questão fiscal e voltou a dizer que vai usar todos "os instrumentos" para controlar a inflação.

Além disso, o mercado ainda aguarda a solução definitiva para a compatibilização do pagamento de Precatórios com o reajuste do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) dentro do teto de gastos, além de monitorar os embates entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal. A temperatura política pode esquentar com as preparações para as manifestações de 7 de setembro.

No cenário local, os investidores esperam a definição do valor da bandeira vermelha 2 de energia elétrica, que tende a apoiar revisões nas projeções de inflação e trazer mais pressão à alta da Selic em setembro. A decisão será anunciada hoje, depois do fechamento do mercado, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Atualmente, o valor da tarifa extra é de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). Ela pode ser elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20.

Entre as ações, Vale ON subiu 2,50%, enquanto Petrobras PN teve alta de3,64%. Entre os bancos, que setor de maior peso do índice, Itaú PN subiu 1,72% e Bradesco ON, 1,27%. No segmento de siderurgia, Usiminas PNA registrou ganho de 6,81% e CSN ON, de 2,43%.

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Câmbio

Na mínima do dia, o dólar tocou em R$ 5,1880. Com isso, a moeda termina a semana com recuo de 3,52% e passa a perder 0,28% no acumulado do mês. O dólar futuro para setembro cedeu 1,26%, a R$ 5,2030. Segundo operadores, além do apetite maior por emergentes, jogaram a favor do real ao longo desta semana a melhora da percepção do risco fiscal, em meio a busca de uma solução para o imbróglio dos precatórios, e a reiterada disposição do Banco Central de elevar a taxa Selic ao nível que for necessário para ancorar as expectativas de inflação.

O operador da Fair Corretora Hideaki Iha atribui a queda do dólar ao longo da semana mais ao ambiente externo positivo e ao fluxo cambial positivo que a fatores domésticos. "Internamente, não estão nada resolvido, está tudo em 'stand-by'. A pressão por gastos por parte do Centrão e do presidente, que quer tentar recuperar a popularidade para tentar a reeleição, vai continuar", afirma.

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Iha que não vê a taxa de câmbio rodando entre R$ 5,20 e R$ 5,40 e ressalta que a volatilidade pode aumentar na semana que vem, por conta da disputa pela formação da taxa Ptax de agosto. "Além disso, essa discussão da redução de estímulos nos Estados Unidos pode voltar a incomodar se saírem dados de trabalho fortes do mercado de trabalho", acrescenta. /LUÍS EDUARDO LEAL, ANTONIO PEREZ E MAIARA SANTIAGO

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