Rio – Dois dos 11 nomes indicados para compor o conselho de administração da Petrobrás foram considerados inaptos a assumir o cargo por terem atuado em empresas com relação direta com a Petrobrás, nos últimos três anos. A avaliação é do Comitê de Pessoas da própria estatal, formado por membros do atual colegiado da empresa e por especialistas independentes.
A renovação do conselho de administração da Petrobrás acontecerá na próxima segunda-feira, 12, na Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) de acionistas. O atual colegiado será desfeito por determinação legal, que define que todos os conselheiros eleitos em voto múltiplo devem sair se um deles deixar o cargo.
Isso acontecerá porque o presidente da empresa e membro do colegiado, Roberto Castello Branco, teve o mandato encerrado em fevereiro, por determinação do presidente Jair Bolsonaro. O executivo será substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, após ser alvo de sucessivas críticas de Bolsonaro.
Motivos para a decisão
Márcio Andrade Weber teve o nome negado por ter sido diretor da Petroserv até agosto do ano passado. A empresa é uma fornecedora e operadora de sondas da Petrobrás. Ele foi indicado pela União, controladora da companhia.
A ata da reunião do Comitê de Pessoas da última quinta-feira, 8, revela que o executivo teria argumentado que não prestou serviço diretamente à estatal. Mas a justificativa não convenceu os avaliadores do seu currículo, que recorreram à Lei das Sociedades Anônimas para respaldar a decisão de considerá-lo inelegível ao cargo.
Segundo a legislação, “são impedidas aquelas que ocupem cargos em sociedades que possam ser consideradas concorrentes no mercado ou que tiverem interesse conflitante”.
O mesmo argumento foi usado pelo comitê de avaliação para negar a indicação de Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros por acionistas minoritários. Ele foi diretor do Citibank até dezembro do ano passado. O banco foi responsável pela abertura de capital da BR Distribuidora pela Petrobrás.
Além de negar os dois nomes, o comitê interno da estatal fez uma série de ressalvas aos demais candidatos. Os únicos a passar completamente no crivo dos avaliadores foram o atual presidente do conselho de administração da empresa, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, Cynthia Santana Silveira, Murilo Marroquim e Leonardo Antonelli, que hoje tem um assento de representante dos minoritários no colegiado e poderá se candidatar à reeleição.
Os demais – Sonia Villalobos, Ana Silvia Matte, Ruy Flaks Schneider (atual membro do conselho), Marcelo Gasparino e José João Abdalla Filho – tiveram os nomes aprovados com ressalvas. Alguns deles estão ou estiveram, recentemente, ligados a empresas que podem ter conflito de interesse com a Petrobrás. Outros são citados em processos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).