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Setor de proteína animal estima prejuízo de R$ 1 bilhão com greve

Mais de 220 mil trabalhadores estão com atividades suspensas e 152 plantas frigoríficas de aves e suínos estão paradas

Por Nayara Figueiredo
Atualização:

Em cinco dias de paralisação, a greve dos caminhoneiros deve acarretar um prejuízo financeiro estimado em R$ 1 bilhão para a cadeia de aves e suínos, aponta o balanço atualizado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ao qual o Broadcast Agro teve acesso com exclusividade.

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A expectativa é que o segmento tenha deixado de gerar mais de US$ 200 milhões em receita de exportação nesta semana. Ainda de acordo com o levantamento, mais de 5 mil contêineres com cargas do setor deixaram de ser embarcados nos portos brasileiros.

Em razão da greve, a BRF informouque quatro unidades de abate de aves e suínos interromperam suas operações Foto: Divulgação

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"A greve afeta o comércio internacional de alimentos, no momento em que o Brasil estava se restabelecendo, após a resolução de diversos problemas com os principais blocos compradores", avalia a associação.

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A ABPA divulgou nota, também antecipada pela reportagem, alertando para o risco de perda de 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos por falta de ração nas unidades produtoras. Atualmente, 152 plantas frigoríficas de aves e suínos estão paradas. Mais de 220 mil trabalhadores estão com atividades suspensas.

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A entidade destaca que o acordo consolidado ontem entre governo federal e caminhoneiros ainda não surtiu efeito nas estradas. Desta forma, caminhões com carga viva estão impedidos de trafegar em diversos Estados e a situação mais grave, até o momento, está no trânsito de ração para os criatórios. A manifestação dos caminhoneiros contra tributos e o reajuste nos preços do óleo diesel se estende desde segunda-feira, 21.

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Analistas ouvidos acreditam que as cadeias de aves e suínos, de fato, são as principais prejudicadas pela greve dos caminhoneiros. Dentre as grandes empresas, destacam-se os danos para a BRF, JBS e cooperativas da Região Sul.

A cooperativa C.Vale informou hoje, em nota, que está com prejuízo diário de R$ 2 milhões com a suspensão do abate de frangos e peixes. "Com o bloqueio das rodovias pelos caminhoneiros, a empresa está deixando de abater 530 mil aves e 50 mil tilápias por dia em seu complexo industrial de Palotina, no oeste do Paraná", disse. A maior parte dos 5 mil funcionários dos dois frigoríficos aguarda em casa a orientação para retornar às atividades.

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A Cooperativa Central Aurora Alimentos foi a primeira grande unidade produtiva a informar, em nota, que as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (inicialmente) ficariam totalmente paralisadas ontem e hoje, "em consequência da greve que atinge o setor de transportes nas regiões onde estão instaladas as suas unidades produtivas". A expectativa da companhia era de R$ 50 milhões em prejuízos "para toda a cadeia produtiva ancorada na Aurora Alimentos".

Também em razão da greve, a BRF informou, nesta semana, que quatro unidades de abate de aves e suínos interromperam suas operações. Elas estão localizadas em Nova Marilândia (MT), Dois Vizinhos (PR), Toledo (PR) e de Campos Novos (SC). Além disso, outras nove unidades teriam atividades parcial ou totalmente paralisadas. Na mesma linha, a JBS reportou paralisações nos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, e em menor escala, também em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

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O analista de mercado Rafael Passos, da Guide Investimentos, avalia que a BRF tende a apresentar danos que afetem a geração de caixa, o Ebitda e podem elevar o nível de alavancagem da companhia, diferentemente da JBS, que conta com o mercado externo como válvula de escape para diluir eventuais prejuízos ocorridos no Brasil. "As duas empresas estão caminhando em sentidos praticamente opostos. Quase 80% do resultado da JBS vem do mercado internacional e boa parte se deve aos Estados Unidos. O cenário norte-americano está aquecido para bovinos, segmento em que a JBS mais atua. Para completar, também há uma perspectiva positiva para o ciclo de gado americano", afirma Passos.

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