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Bolsa tem segunda semana de alta consecutiva, com ganho de 2,56%; dólar avança 0,7%

IPCA menor do que o esperado para novembro apoiou alta de 1,38% do Ibovespa no dia; no exterior, porém, escalada da inflação dos EUA elevou temor de que BC americano retire os estímulos antes do esperado

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Por Redação
Atualização:

O resultado menor do que o esperado para a inflação de novembro no Brasil, somado ao clima favorável em Nova York, apoiaram o apetite por riscos do investidor nesta sexta-feira, 10, com a Bolsa brasileira (B3) fechando em alta de 1,38%, aos 107.758,34 pontos. No câmbio, porém, o dólar fechou em alta de 0,72%, a R$ 5,6140, após uma nova alta da inflação nos Estados Unidos fazer crescer o temor de uma retirada antes do esperado dos estímulos.

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Diante do resultado positivo, o Ibovespa teve sua segunda semana de alta consecutiva, com ganho de 2,56%. No mês, sobe 5,73%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,95% em novembro ante outubro, abaixo da mediana de alta 1,10% esperada pelo mercado. Com isso, os investidores reprecificaram suas posições na Bolsa, após ela ter sido penalizada ontem, na esteira do tom mais duro do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira à noite.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

"Depois de um dia como ontem, em que você teve a ressaca do Copom e a discussão de um tom mais duro precificando cenário pior para os juros, o que você está tendo hoje, depois de um dado de IPCA mais fraco, são alguns ajustes", aponta Naio Ino, responsável pela mesa de trading de equities da Western Asset.

Assim, setores que patinaram ontem com a perspectiva de juro mais alto e inflação persistente, como varejo e, principalmente, construção, tiveram hoje um avanço sustentado. "Com o aumento da taxa de juros, empresas do setor de construção civil são fortemente afetadas, pois são empresas que dependem de crédito. E quando o custo do crédito aumenta, a margem diminui", aponta o especialista de renda variável da Blue3, Dennis Esteves.

A construtora Ezetec, por exemplo, teve um dos melhores desempenho do Ibovespa, terminando o dia em alta de 8,99%. Já Direcional subiu 8,34%, MRV, 5,31% e Cyrela, 5,87%. Grandes perdedoras ontem, Magazine Luiza e Lojas Americanas subiram 1,43% e 2,74% cada.

Com o aumento da taxa de juros, empresas do setor de construção civil são fortemente afetadas, pois são empresas que dependem de crédito. E quando o custo do crédito aumenta, a margem diminui", aponta o especialista de renda variável da Blue3, Dennis Esteves. A construtora Ezetec, por exemplo, teve um dos melhores desempenho do Ibovespa, terminando o dia em alta de 8,99%.

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A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) americano, no fim da manhã, deu sustentação ao sentimento positivo doméstico. O índice subiu 0,8% em novembro, ligeiramente acima da expectativa, de 0,7%. Com o mundo temendo uma persistência da inflação, o dado agradou e as bolsas americanas terminaram o dia em alta, ainda que de baixo fôlego. O S&P 500 subiu 0,96%, enquanto Nasdaq e Dow Jones tiveram altas de 0,73% e 0,61%.

Após ter recuado ontem, o petróleo voltou a ajudar os ativos brasileiros, com o preço do barril do Brent para fevereiro encerrando o dia em alta de 0,98% e o WTI para janeiro, em 1,03%. Com isso, as ações da Petrobras subiram mais de 1%. Apesar da queda de 0,46% do minério de ferro na China, as siderúrgicas emplacaram um bom desempenho, com Gerdau subindo mais de 2% e Vale, 0,63%

Para os analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, com os imbróglios em Brasília resolvidos e a disposição dos investidores de emplacar um rali de fim de ano, a tendência agora é o mercado se concentrar nos dados de atividade. 

"No Brasil, em específico, a bolsa busca por gatilhos para ensaiar recuperação. O que a gente viu desde a semana passada no Brasil foi uma acomodação do cenário fiscal com a aprovação da PEC dos Precatórios", aponta Esteves, da Blue3, completando: "Nesse contexto, a desaceleração da inflação hoje foi muito importante. A gente vê esse início de arrefecimento de inflação muito direcionado pela política monetária, que começa a fazer efeito. Como múltiplos bastante atrativos, a Bolsa encontra sinais (para subir)".

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Câmbio

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta em alta firme, em meio à pressão de saída de recursos - que motivaram intervenção do Banco Central com leilão de venda à vista de  US$ 687 milhões  - e a ajustes de expectativas em torno da trajetória das políticas monetária especialmente nos EUA, após a inflação vir ligeiramente acima do esperado.

A possibilidade de enxugamento da liquidez e de juros maiores nos EUA provoca uma mudança de relação entre risco e retorno que é desfavorável a divisas emergentes. Nessa conjuntura, mesmo com as altas recentes da taxa Selic - e as que podem estar por vir -, o real perde um pouco do seu apelo.

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"O mercado já se prepara para os comunicados dos bancos centrais dos países desenvolvidos na próxima semana. Não tenho dúvida de que sinalizarão um aperto monetário", afirma Ricardo Gomes da Silva, diretor da corretora Correparti, ressaltando que, além do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra vão anunciar duas decisões de política monetária na próxima semana.

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisa fortes - acabou exibindo leve queda, embora ainda acima dos 96,000 pontos. Em relação a moedas emergentes de exportadores de commodities, o comportamento foi misto.

Apesar de ter avançado ontem e hoje, a moeda encerra esta semana com desvalorização de 1,16%, atribuída em parte à diminuição do risco fiscal, após a aprovação parcial da PEC dos Precatórios. No acumulado do mês, o dólar também cede, mas em menor magnitude, de 0,38%. /BÁRBARA NASCIMENTO, ANTONIO PEREZ E MAIARA SANTIAG

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